O primeiro
objectivo em ser-se presidente da Câmara Municipal de Lisboa não é o de servir
o povo, mas um trampolim para alguns políticos alcançarem a Presidência da República
ou a chefia de um governo, porque só assim se compreendem duas décadas a
prometer o Plano de Drenagem da cidade, cuja conclusão está prevista para daqui
a oito anos, em 2030, com a construção de dois túneis subterrâneos com 5 metros
de diâmetro para o escoamento da pluviosidade. Um desses túneis, com cerca de 5
km de extensão, irá ligar Monsanto a Santa Apolónia e o outro, com apenas 1 km,
irá ligar Chelas ao Beato. Diante deste panorama nada animador, espera-se que a
Virgem padroeira de Portugal proteja a cidade de inundações idênticas às
iniciadas na passada quarta-feira até à conclusão do Plano de Drenagem da
capital, porque um mal nunca vem só, quem governa não está à altura do cargo e
o socorro só se apresenta na hora de contabilizar os prejuízos – depois do culminar
da tragédia.
Os
sucessivos altos dignitários da Câmara de Lisboa, atarefados sabe-se lá com
quê, têm-se esquecido consecutivamente que o verão é sucedido pelo outono e
pelo inverno, porque doutro modo mandariam limpar atempadamente os sistemas de
escoamento de águas pluviais, evitando assim grandes aflições, elevados riscos
e avultados prejuízos, males que não os assolam mas que trazem o povo com o “credo
na boca”, esperando o pior. É bem possível que algum dos barões de Lisboa,
incrédulo por conveniência e necessidade de filiação, ao ver da sua janela o
drama das pessoas que o cercam, levante as mãos ao céu e dê assim graças a
Deus: “Obrigado amado Pai, toda a honra e toda a glória te seja dada por me
livrares de ser como aqueles, com os tarecos à porta e os filhos ao colo, a
caminhar com a água acima dos joelhos, rumo a um emprego mal remunerado onde
permanecem encharcados e enregelados, pois teu é o reino, o poder e a glória. Amém.”
Entretanto, perante tamanha miséria e vergonha, alheia a isto tudo isto, a
corrupção engorda como nunca.
No
que aos donos e aos cães diz respeito, evite circular nos momentos de maior
pluviosidade, vá ataviado com sapatos antiderrapantes, saia à rua com o seu cão atrelado, desloque-se nas áreas mais
elevadas das cidades afectadas e evite as suas zonas ribeirinhas. Para maior
segurança do animal, porque as tempestades são imprevisíveis, equipe-o com um
colete salva-vidas, o mesmo que utilizámos para ensiná-lo a nadar.
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