quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

QUANDO OS SKATES SÃO UM PROBLEMA

Parece que o longo martírio dos adestradores civis está prestes a chegar ao fim, que os cobardes finalmente terão lugar na cinotecnia e que os tolos poderão comprar cães por catálogo e ver cumpridas todas as suas expectativas, tudo graças aos bons ofícios da clonagem, que aos primeiros dará cães sem medo, aos segundos cães mansos e submissos e aos últimos o que eles mais desejarem – todos ficarão felizes! Até lá, que outro remédio não nos sobra, continuaremos a consertar cães medrosos que os seus criadores não souberam seleccionar, avessos à interacção e entregues a donos desregulados de emoções, desnorte que prejudica o condicionamento desejável pela supressão da indispensável empatia.
Como se pode ver na foto seguinte, o Boris, o nosso cachorro Boerboel, já consegue saltar um banco de jardim sem lhe tocar com as patas. Do ponto de vista atlético nada há a apontar ao cachorro, porque demonstra uma predisposição notável para a ginástica, o que não é extensível a todos os cães da sua raça. Para além de adorar brincar com outros cães, o Boris parece ter nascido para saltar, porque é exactamente isso que mais gosta de fazer.
Aproveitando esta sua tendência natural, convidámo-lo a saltar uma pequena caixa de cimento, tendo como objectivo ensiná-lo a deitar, facilitando assim o trabalho a efectuar pelo seu condutor, poupando-lhe as costas.
E como nestas coisas do adestramento é melhor ensinar bem do que corrigir vícios, o Adestrador, com o consentimento do dono, predispôs-se a ensinar o “deita” ao Boerboel, comando que o animal depressa assimilou.
Com o sol de inverno a aquecer a tarde, um teenager decidiu ir andar de skate para perto de nós, decisão que não foi do agrado do cão por temer a mobilidade e o ruído de tal geringonça. Começámos por apresentar skate e skater ao cão. Este trabalho deverá ser efectuado pelo condutor habitual do cão, para que o animal se sinta mais confiante perante a novidade. O adestrador só deverá oferecer os seus préstimos caso o condutor não consiga transmitir a necessária e exigível confiança.
Depois de alcançada a tranquilidade do animal diante daquele veículo eléctrico, o cão deverá ser convidado para executar com o skater as mesmas “manobras de sociabilização animal” que realizaria com outros cães (contorno, cruzamento frontal, numa linha, etc.).
Mas se apesar dos esforços anteriores, o medo do animal se mantiver, o seu dono, caso seja apto e capaz para o fazer, deverá montar-se no skate e convidar o cão a acompanhá-lo, o que diminuirá drasticamente os receios do animal (o que é válido para o skate é-o também para bicicletas, scooters e trotinetas).
Finalmente, como prova real e reforço da sociabilização, o cão deverá circular com um skater que lhe é alheio, não evidenciando qualquer medo, atrapalhação, desnorte ou atitude hostil. Como se pode ver na foto abaixo, foi assim que terminámos a aula do Boris no passado Sábado.
Para além do binómio Nuno/Boris e da supervisão do Adestrador, o Paulo Jorge fez-se presente e encarregou-se das fotografias. A restante classe não compareceu por motivos relacionados com o carácter profano desta época natalícia, expoente máximo do consumismo anual.

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