sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

NÓS POR CÁ: CONTRA OS CANHÕES TAXAR, TAXAR

Os donos de animais de estimação irão pagar a dobrar pelos seus cães e gatos (registo e licenciamento), segundo proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2020 da responsabilidade do Partido Socialista, alteração que vai ao encontro de uma exigência da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), que lembrou aos deputados ser delas a competência do licenciamento anual de gatos e cães, por força do regime jurídico das autarquias locais. Diante desta reivindicação, o partido de António Costa propõe, para além do registo obrigatório no Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC), a ser feito através da implantação de um microchip por um veterinário, um licenciamento na junta de freguesia respectiva, consulta e burocracia que poderão atingir até 50€ por animal.
Diga-se em abono da verdade que estes valores anuais não são muito elevados quando comparados com os cobrados na CE, muito embora sejam um grave transtorno para a economia dos que pouco têm e mais precisam de cães e gatos - os reformados e idosos, animais que são para eles excelentes terapeutas, verdadeiras panaceias, por vezes os únicos companheiros que têm e que por causa disso impedem inclusive a sua exclusão social. Com esta proposta de alteração e diante das míseras reformas de muitos, o Governo irá taxar a dobrar a miséria, quando o parco dinheiro de muitos mal chega para comer e os cuidados paliativos não se estendem a todos. Atendendo ao particular económico dos idosos, não deveria haver para eles um regime de excepção ou isenção? Se eu sou novo e decido ter animais ao invés de filhos, opção cada vez mais em voga, é porque tenho escolha. Terão os idosos solitários a mesma possibilidade de escolha, quando olham para o lado e apenas vêem um cão ou um gato?
Há quem defenda que o nosso Hino e Bandeira deveriam mudar, ser actualizados, alteração com a qual discordo cardíaca e inteiramente. Ironicamente, actualizar por actualizar, mais actual não haverá, comecemos pela letra do Hino: onde se lê “contra os canhões marchar”, deverá balbuciar-se “contra os canhões taxar, taxar”.

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