quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

ESCLARECER E DESAMBIGUAR

Recebemos por volta das 14 horas do dia de hoje o seguinte email a que vamos responder: “Boa Tarde, Encontrei por um acaso o vosso canil/centro de treinamento. Se bem percebi vocês fazem criação de Pastor Alemão? Tenho curiosidade em saber com que linhas/progenitores tem trabalhado na criação e se preveem criação nos próximos tempos? E outra curiosidade que me ficou da leitura do vosso blog foi o facto de julgo terem feito algumas experiências no cruzamento do CPA com outras raças, inclusivê Lobo Ibérico se não estou enganado, na tentativa de aprimorar/reforçar alguns aspectos do CPA? Resultou algo desse projecto? Cumprimentos…”.
Caro leitor acidental, vamos responder de imediato às questões que nos colocou. Quanto às linhas de criação que utilizamos para a construção do nosso Pastor Alemão, usámos linhas de trabalho maioritariamente estrangeiras: da França, da Alemanha, da extinta DDR, da Áustria e da Bélgica, privilegiámos as variedades preta e lobeira e valemo-nos de quase todas as linhas existentes menos a Arminius e a Winnerau que abominamos. Fomos, somos e seremos, até deixarmos de cá andar, criadores de Pastores Alemães, raça para nós excelente e insubstituível. Conforme anunciámos no artigo anterior a este, temos uma ninhada disponível. Nunca tivemos o desplante de cruzar Pastores Alemães com outras raças, o que para nós seria um crime de lesa-majestade, o que não significa que não tivéssemos treinado alguns híbridos destes resultantes de algum descuido ou de disparates alheios, experiência que foi para nós reveladora e enriquecedora sobre múltiplos aspectos.
Se porventura lhe interessa saber se somos a favor da hibridação canina, afirmamos-lhe desde já que sim, atendendo à excessiva endogamia e consanguinidade que afectam a maioria das raças caninas actuais, mas nunca no Pastor Alemão, porque a raça ainda conserva a biodiversidade que a mantém, caso não se despreze as suas variedades recessivas. Nunca nos interessou cruzar o Signatus (Lobo Ibérico), subvariedade do Lobo Cinzento, com o CPA para “aprimorar/reforçar” alguns aspectos do último, mas treinámos dois ou três mestiços destes, que do ponto de vista laboral se revelaram bem acima dos Lobos-Checos e raças congéneres. O nosso conhecimento do Signatus é anterior à formação do Centro de Recuperação do Lobo Ibérico na freguesia do Gradil, Mafra. Segundo a nossa experiência, o Lobo Ibérico é o mais interactivo dos lobos europeus, chegando ao ponto de abraçar a autonomia condicionada quando treinado para isso, conservando e adaptando em simultâneo as suas características predadoras. Esperamos tê-lo esclarecido, agradou-nos a pertinência das questões que levantou e agradecemos o seu contacto.

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