Pesquisadores da
Universidade de Seul, na Coreia do Sul, alertam para novos vírus da gripe em
cães semelhantes ao da gripe suína que se está a espalhar na Ásia, temendo que eles
venham a infectar também os humanos e que se constituam numa nova epidemia. Já
no primeiro ano do Novo Milénio (2000),
cientistas da equipa do Dr. Daesub Song,
encontraram os primeiros patogénicos
do chamado vírus da gripe canina (CIV), conforme atesta um estudo
publicado em Setembro de 2018 na revista American Society for Microbiology mBio e onde consta que os
cães foram infectados com uma mutação
do vírus da gripe aviária H3N2. Doze
anos depois, os pesquisadores encontraram outra mutação num cão com um agente
da gripe suína, transformando-se o vírus CIV num novo, vírus que os cientistas
baptizaram como “CIVmv”. A partir
daqui, os casos de assim cães infectados aumentaram na Coréia do Sul, Tailândia
e China, registando-se também os primeiros casos nos Estados Unidos.
Convém relembrar que a
gripe suína expandiu-se nos anos de 2009 e 2010 e que em Junho de 2009, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma epidemia a nível mundial. Só na
Alemanha, o vírus da influenza A H1N1 matou mais de 250 pessoas. A entidade
atrás citada viria a declarar o fim da pandemia em Agosto de 2010. Os
cientistas coreanos, depois de estudarem os genomas de 16 cães da região de
Guangxi, no Sul da China, descobriram que “o
desenvolvimento dos vírus da gripe canina (CIVs) em cães asiáticos está a
tornar-se cada vez mais complexo e representa uma ameaça potencial para os
seres humanos". De acordo com o presente estudo, a capacidade do vírus
da gripe A de passar de animais para humanos representa uma ameaça persistente
de pandemia. Aves e porcos são considerados os principais portadores da
diversidade genética viral, em oposição aos cavalos e aos cães que até agora só
lhes era conhecido o vírus da influenza A, o que os tornava inofensivos para os
seres humanos.
Porém, os tipos de vírus
encontrados nos cães que os cientistas coreanos observaram continham partes que
estão presentes em porcos e que são semelhantes ao vírus pandémico da gripe
suína. Para além disto, estes pesquisadores descobriram mais três mutações em
cães e assumem que não serão as últimas, considerando que em Guangxi vivem
muitos cães vadios e que isso deverá ser considerado como uma disseminação
adicional de vírus. Como são esperadas outras mutações, a vigilância adicional
torna-se urgentemente necessária “para entender a completa diversidade genética
da CIV no sul da China, o surgimento e a resistência dos vírus nas várias
populações de cães da região e o risco de desenvolvimento progressivo do vírus".
Para aquilatar da possível
transmissão destes vírus para os humanos, Song e a sua equipa infectaram furões
com o CIV, porque estes animais têm células hospedeiras semelhantes às dos
humanos, que viabilizam a transmissão do vírus. Os furões infectados com o
vírus CIV apresentaram os mesmos sintomas visíveis nos cães, a saber: tosse,
espirros, olhos lacrimejantes e pingo no nariz, perda de apetite e apatia. A
somar a isto, os Mustelídeos domésticos infectados rapidamente se envolveram a
lutar uns com os outros. Os pesquisadores da Universidade de Seul vêem nisto um
perigo oculto na possível transferência para humanos. Aguardam-se novos
desenvolvimentos.
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