Dentro das disciplinas clássicas do
adestramento canino há uma que se destaca das demais pela sua importância: a pistagem,
porque os seus benefícios não se esgotam nessa prestação mas estendem-se a
outras capacitações interdisciplinares binomiais, melhorando inequivocamente os
laços afectivos dos membros que constituem cada binómio. Actividade do agrado
dos cães, que começa pela procura dos seus brinquedos e/ou dos donos, a pistagem
devolve-lhes o equilíbrio sensorial da sua espécie, muitas vezes alterado por
imitação dos humanos que com eles convivem e que invariavelmente usam a visão
como sentido principal e não o olfacto.
A procura do dono reforça de sobremaneira os
vínculos afectivos do animal em relação ao seu líder, porque sendo uma manobra
de insofismável cariz social, ratifica a hierarquia necessária que possibilita
o cumprimento das ordens de modo natural sem a recorrência ao suborno ou à
dependência imposta (os cães condicionados a procurarem os donos nunca os
abandonam, não intentam fugir-lhes e não brincam com eles “ao gato e ao rato”).
Por causa destes benefícios defendemos o ensino da pistagem como disciplina inicial
e introdutória às restantes do adestramento, por reconhecermos a importância e
proveito da cumplicidade, condição indispensável à constituição e
desenvolvimento de todo e qualquer binómio.
Depois de aprender a procurar o dono, bem
depressa o cão procurará outras pessoas ou pertences em falta, o que
socialmente irá torná-lo útil e bem-vindo. Também os cães destinados à
disciplina de guarda têm a ganhar com a pistagem, considerando a sua
salvaguarda e uso, particularmente aqueles que irão ser obrigados a percursos
de ronda, policiamento que não dispensa e exige um olfacto apurado perante as
mais diversas manobras de distracção usadas pelos larápios, estratagemas que
visam a sua ocultação, invasão ou evasão em segurança. Os cães precisam da
pistagem como de pão para a boca, porque sem ela aumentam a sua vulnerabilidade
e eliminação.
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