Ninguém duvida das profundas assimetrias
sociais presentes na sociedade norte-americana, da ignorância de muitos
americanos em matéria de geografia e da sua ausência de etiqueta, sendo muitos
deles rudes por tradição e opção, mais dados ao individualismo e ao sectarismo
que ao bem-estar colectivo e à fraternidade, e nisto não diferem brancos,
negros, mulatos, orientais ou ameríndios, espectro que não impede o
aparecimento de iniciativas individuais solidárias de inegável valor,
necessidade e actualidade, o que transforma a América num ecossistema social do
tudo ou nada, à beira da ruína mas sempre com uma centelha de esperança aqui e
ali (assim também vai o Mundo).
Há muito que somos leitores assíduos do “The
New York Times”, pois agrada-nos o seu editorial, a investigação jornalística que
leva a cabo, o tratamento que dá às notícias e o seu interesse. Através deste
jornal ficámos a saber da existência de uma organização sem fins lucrativos,
“The Guardians”, que se dedica ao bem-estar animal e que se encontra sediada em
Smithtown, Long Island/NY, composta por associados da mais variada procedência:
ex-agentes do FBI, da Polícia e militares aposentados, carpinteiros,
electricistas, ex-presidiários e até membros de gangues, todos unidos na defesa
do bem-estar animal, levando a cabo campanhas de castração, providenciando assistência
médico-veterinária, construindo novos abrigos para animais de companhia e até
resgatando aqueles que foram vítimas de violência e maus-tratos.
Mais ainda, duas ou três vezes no ano, esta
gente sai às ruas daquela gigantesca metrópole (New York) e vai aquilatar da
saúde, necessidades e bem-estar dos cães pertencentes aos “sem-abrigo” (sem-teto, no Brasil),
valendo em simultâneo aos seus proprietários, que invariavelmente não dispensam
a companhia dos amigos que lhe restam e que os usam para o aumento dos seus
magros proventos (aqui os ciganos romenos que se dedicam à mendicidade fazem o
mesmo). Desconfiados a princípio e com medo de ficarem sem os animais, os
mendigos suspeitam das boas intenções dos “The Guardians”, que depois de
convencê-los, acabam por valer aos animais, providenciando-lhes comida e assistência
médico-veterinária quando necessário, devolvendo-os a seguir aos seus
companheiros de infortúnio.
Não sabemos se temos por cá uma ou mais
associações que se prestem ao mesmo serviço mas se não existem, breve existirão,
até porque sempre será mais fácil valer aos cães que aos homens.
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