domingo, 26 de março de 2017

NA AMÉRICA DO TUDO OU NADA

Ninguém duvida das profundas assimetrias sociais presentes na sociedade norte-americana, da ignorância de muitos americanos em matéria de geografia e da sua ausência de etiqueta, sendo muitos deles rudes por tradição e opção, mais dados ao individualismo e ao sectarismo que ao bem-estar colectivo e à fraternidade, e nisto não diferem brancos, negros, mulatos, orientais ou ameríndios, espectro que não impede o aparecimento de iniciativas individuais solidárias de inegável valor, necessidade e actualidade, o que transforma a América num ecossistema social do tudo ou nada, à beira da ruína mas sempre com uma centelha de esperança aqui e ali (assim também vai o Mundo).
Há muito que somos leitores assíduos do “The New York Times”, pois agrada-nos o seu editorial, a investigação jornalística que leva a cabo, o tratamento que dá às notícias e o seu interesse. Através deste jornal ficámos a saber da existência de uma organização sem fins lucrativos, “The Guardians”, que se dedica ao bem-estar animal e que se encontra sediada em Smithtown, Long Island/NY, composta por associados da mais variada procedência: ex-agentes do FBI, da Polícia e militares aposentados, carpinteiros, electricistas, ex-presidiários e até membros de gangues, todos unidos na defesa do bem-estar animal, levando a cabo campanhas de castração, providenciando assistência médico-veterinária, construindo novos abrigos para animais de companhia e até resgatando aqueles que foram vítimas de violência e maus-tratos.
Mais ainda, duas ou três vezes no ano, esta gente sai às ruas daquela gigantesca metrópole (New York) e vai aquilatar da saúde, necessidades e bem-estar dos cães pertencentes aos “sem-abrigo” (sem-teto, no Brasil), valendo em simultâneo aos seus proprietários, que invariavelmente não dispensam a companhia dos amigos que lhe restam e que os usam para o aumento dos seus magros proventos (aqui os ciganos romenos que se dedicam à mendicidade fazem o mesmo). Desconfiados a princípio e com medo de ficarem sem os animais, os mendigos suspeitam das boas intenções dos “The Guardians”, que depois de convencê-los, acabam por valer aos animais, providenciando-lhes comida e assistência médico-veterinária quando necessário, devolvendo-os a seguir aos seus companheiros de infortúnio.
Não sabemos se temos por cá uma ou mais associações que se prestem ao mesmo serviço mas se não existem, breve existirão, até porque sempre será mais fácil valer aos cães que aos homens.  

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