sexta-feira, 31 de março de 2017

LÁ VAI MAIS UM!

Vamos primeiro à notícia, divulgada por todos os tablóides britânicos. Um homem com 41 anos, que se crê cipriota, morador na zona norte de Londres, foi atacado mortalmente em casa pelo seu cão, um Staffordshire bull terrier, até ali com fama de ser inofensivo. Consta que morreu de choque hipovolémico por ter sido atacado no pescoço (sangrou até morrer) apesar de ter sido levado ainda com vida para o hospital. O ocorrido aconteceu na última Segunda-feira, dia 27 do corrente mês, com a vítima a gritar tirem o cão de cima de mim! Ao que tudo indica, foi uma equipa da BBC a trabalhar no local quem chamou a ambulância (o que andaria por lá a fazer?).
Sempre que oiço falar em Staffordshires vêm-me à memória a história verídica dum professor quarentão, solitário, pouco cuidado e de ar pouco másculo, que vivendo numa parte de casa alugada, desejava adquirir um Staffordshire para companhia, solicitando a nossa ajuda na escolha de tal animal e disposto a pagar o que fosse necessário para obter o nosso auxílio. Estranhámos a escolha do homem e advertimo-lo para o perigo daquela opção (a lei sobre os cães perigosos ainda não tinha entrado em vigor). Apesar das nossas advertências, o homem mostrou-se resoluto e não alterou a sua escolha, o que nos fez ir para a Margem Sul, onde havia um criador com cachorros para venda.
Nessa deslocação fiz-me acompanhar por um rapazola – o Eduardo, mais conhecido pelo “Cabeça de Ovo”, por causa do formato do seu crânio e densa cabeleira loira escorrida, um camarada de quem perdi o rasto, apesar de lembrar do seu nome de família (Pardal) e da casa onde moravam os pais. Chegados ao local, apresentaram-nos meia-dúzia de cachorros com 2.5 meses de idade.  Para fundamentar o que já havia dito àquele professor, mandei o “Cabeça de Ovo” picar os animais e pôr-se em fuga para cima duma árvore. Os cachorros seguiram-no de imediato e empoleiraram-se nela. Não tendo a quem morder, aqueles infantes trancaram-se uns nos outros como se fossem um rolo de salsichas! O bom do professor ficou boquiaberto e acabou por não levar qualquer cachorro dali. Teria desistido da ideia? Não sabemos, porque não tornou a dar notícia.
As mutilações e mortes causadas por “Staffies” crescem no Reino Unido, nos Estados Unidos e um pouco por toda a parte, muitas vezes mal identificados como Pit Bulls, cães que por norma só se interessam por dar caça a outros cães, sendo bastante meigos e fáceis de ensinar, isto se não lhes solicitarem a sua tremenda força de mordedura para outros alvos. Ter um “Staffie” na incerteza do seu controlo é apontar uma arma à cabeça, um devaneio que pode acabar em desgraça (o que é válido para os “Staffies” é-o também para todos os cães capazes de causar dolo). O “veneno” presente no Staffordshire precisa quantos antes de se ser extirpado da raça e ontem já era tarde!

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