quarta-feira, 15 de março de 2017

PROEZAS DA MISTURA LUPINO/SPITZ: O REGRESSO AO DISPARATE

Vamos primeiro à malfadada história e depois às considerações. Uma senhora britânica, de nome Judith Carling, moradora em Middlesbrough/England, encarregada de tomar conta do cão do neto, que se encontrava a trabalhar ao momento, um mestiço de Husky com Akita, acabou por receber a visita de um irmão mais velho, um cidadão com 77 anos de idade. Com os três dentro da mesma habitação e o cão a roer um osso junto à lareira, quando a visita se levantou da cadeira onde estava para ver uma foto no telefone da irmã, o mestiço atacou aquele ancião na mão direita, vindo a jogá-lo ao solo sem cessar o seu ataque, arremetida que durou de 3 minutos. Devido aos ferimentos infligidos, o desafortunado ancião foi remetido para o hospital mais próximo onde permaneceu três dias internado. A sua irmã e tutora daquele mestiço acabou condenada a 12 semanas de prisão com pena suspensa por 1 ano, a indemnizar a vítima em 1.000 £ e a pagar mais 85 £ de custos judiciais. O tribunal poupou a vida ao cão, obrigando ao encarceramento num canil sempre que possível e a circular quando necessário à trela curta e açaimado.
Adiantamos para quem não sabe que mestiços como o cão deste incidente são muito procurados, quer pela sua beleza quer pela sua maldade, sendo baptizados por “Huskitas”, considerando o nome das duas raças que contribuem para a sua formação. Quando se mistura um cão lupino com outro tipo spitz ou primitivo assiste-se a um regresso ao atavismo, tanto do ponto de vista físico como do sensorial, o que diminui a dependência, reforça a carga instintiva e aumenta a autonomia dos cães assim procedentes (não é por acaso que nestes cruzamentos, visando a utilidade dos cães, se recorra ao chacal como melhorador, cite-se como exemplo os cães de Sulimov). Mestiços assim tendem a ser ardilosos, porque juntam à argúcia dos lupinos o carácter indómito dos spitz orientais. E se a estes se juntar, como é o caso, um lupino como o Husky, então temos o caldo entornado, conhecida que é a obstinação presente nestes cães nórdicos de trenó. E sobre o cruzamento Lupino/Spitz vale a pena lembrar o Kunming wolfdog chinês, cão criado para fins militares e que hoje é usado maioritariamente como cão de guarda, raça a que dedicámos o artigo: “WOLFDOG KUNMING (昆明狼狗):A HIBRIDAÇÃO LUPINO/SPITZ PARA FINS MILITARES”, editado em 20/07/2015.
É evidente que o mundo canino está cheio de disparates iguais, de cruzamentos experimentais e arbitrários dentro dos cães ditos de trabalho, como é o caso do Malinois, muitos deles chegados aqui via Holanda e provenientes dos mais variados países do Leste Europeu e duns tantos tontos ocidentais, animais cuja aparência e comportamento evidenciam a mestiçagem de que foram alvo, acabando alguns deles rotulados de imprestáveis e condenados ao isolamento, à castração e ao abate. Aqui há que tirar o chapéu a um procedimento usual nos canis de acolhimento, já que sempre insistem na castração dos animais para adopção, norma que acaba por revelar-se de extrema utilidade para a salvaguarda de pessoas e cães. A maldade dos cães tem solução, a maldade dos homens que se servem deles é que parece não ter fim à vista!

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