domingo, 5 de março de 2017

UM CHOW-CHOW DIFERENTE?

Vamos dar resposta ao email duma nossa leitora que dizia assim: “Senhores da Acendura Brava, Recentemente, adquiri  um cachorro filhote da raça  Chow-Chow , no entanto tenho dúvidas  a respeito  de sua má conduta. Este cachorro morde compulsivamente tudo que esteja em sua vista, inclusive sua dona, dificilmente há como acariciá-lo porque caso contrário receberá mordidas. Qual é  a maneira  correta de se agir nessa situação? Atenciosamente…”.
Apesar das informações adiantadas serem escassas, cremos não haver razão para alarme, já que se trata de um cachorrinho em processo de adaptação, confrontado com um novo dono e território. Não obstante desconhecermos como foi feito o seu imprinting e em que condições foi criado, a verdade é que todos os cachorros saudáveis entre os 2 e os 5 meses de idade tendem a roer tudo o que lhes aparece pela frente (rodapés, paredes, plantas, pedras, chinelos, sofás, roupas, etc.), comportamento também associado à troca dos dentes e que pode ser contrariado facilmente se tal não resultar da carência de elementos minerais (estará a comer uma dieta própria e equilibrada para a sua idade?).
Não subsistindo razões advindas de carências nutricionais, o melhor que há a fazer é não dar grande importância ao assunto, uma vez que esse comportamento é transitório e faz parte do processo de crescimento natural do cachorrinho. No entanto, essa tendência poderá reverter-se em algo positivo se canalizada para algo útil e usada para reforço dos vínculos afectivos com a sua nova proprietária. Estamos a falar de brinquedos próprios onde o animal poderá descarregar a sua ira e que a dona usará para reforço da cumplicidade mútua ao participar nas brincadeiras. Os brinquedos ditos para os cães outra coisa não são do que subsídios para os donos se aproximarem deles. Todo o cão que morde poderá vir a transportar os mais variados objectos e ser de extrema utilidade.
Quanto à resistência do animal em aceitar carícias e responder-lhes à dentada, importa dizer primeiro que os cães carecem de ser conquistados e não obrigados, que esse processo não é automático mas que o tempo e a paciência sempre conseguem alcançá-lo. Nenhum cão gosta de ser amarfanhado, apertado ou abraçado, bastando para tal reparar nas suas expressões mímicas quando tal acontece. Há raças e cães menos interactivos e mais independentes do que outros. O Chow-Chow, quando comparado com outras raças de companhia ou de utilidade, tem-se mostrado mais desligado e entregue a interesses próprios, o que de certa forma o torna um pouco mais teimoso mas em simultâneo de difícil suborno.
Assim, aconselhamos esta nossa leitora a não forçar a amizade com o cachorrinho, a esperar que seja ele a solicitar-lhe o carinho e a protecção que necessita, já que a disciplina diante da afeição tem-se revelado efémera e de pouco préstimo – caberá ao cão tomar a iniciativa! E como ninguém nasceu para estar só e os cães foram criados para viverem ao nosso lado, breve o pequeno Chow-Chow provará essa evidência. Entretanto não se deixe morder, repreenda-o quando assim procede e gradualmente estabeleça-lhe regras. Gratos pelo contacto, despedimo-nos com amizade.

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