Vamos dar resposta ao email duma nossa leitora
que dizia assim: “Senhores da Acendura
Brava, Recentemente, adquiri um cachorro
filhote da raça Chow-Chow , no entanto
tenho dúvidas a respeito de sua má conduta. Este cachorro morde compulsivamente
tudo que esteja em sua vista, inclusive sua dona, dificilmente há como acariciá-lo
porque caso contrário receberá mordidas. Qual é
a maneira correta de se agir
nessa situação? Atenciosamente…”.
Apesar das informações adiantadas serem
escassas, cremos não haver razão para alarme, já que se trata de um cachorrinho
em processo de adaptação, confrontado com um novo dono e território. Não
obstante desconhecermos como foi feito o seu imprinting e em que condições foi
criado, a verdade é que todos os cachorros saudáveis entre os 2 e os 5 meses de
idade tendem a roer tudo o que lhes aparece pela frente (rodapés, paredes, plantas,
pedras, chinelos, sofás, roupas, etc.), comportamento também associado à troca
dos dentes e que pode ser contrariado facilmente se tal não resultar da
carência de elementos minerais (estará a comer uma dieta própria e equilibrada
para a sua idade?).
Não subsistindo razões advindas de carências
nutricionais, o melhor que há a fazer é não dar grande importância ao assunto,
uma vez que esse comportamento é transitório e faz parte do processo de crescimento
natural do cachorrinho. No entanto, essa tendência poderá reverter-se em algo
positivo se canalizada para algo útil e usada para reforço dos vínculos
afectivos com a sua nova proprietária. Estamos a falar de brinquedos próprios
onde o animal poderá descarregar a sua ira e que a dona usará para reforço da
cumplicidade mútua ao participar nas brincadeiras. Os brinquedos ditos para os
cães outra coisa não são do que subsídios para os donos se aproximarem deles.
Todo o cão que morde poderá vir a transportar os mais variados objectos e ser
de extrema utilidade.
Quanto à resistência do animal em aceitar
carícias e responder-lhes à dentada, importa dizer primeiro que os cães carecem
de ser conquistados e não obrigados, que esse processo não é automático mas que
o tempo e a paciência sempre conseguem alcançá-lo. Nenhum cão gosta de ser
amarfanhado, apertado ou abraçado, bastando para tal reparar nas suas
expressões mímicas quando tal acontece. Há raças e cães menos interactivos e
mais independentes do que outros. O Chow-Chow, quando comparado com outras
raças de companhia ou de utilidade, tem-se mostrado mais desligado e entregue a
interesses próprios, o que de certa forma o torna um pouco mais teimoso mas em simultâneo
de difícil suborno.
Assim, aconselhamos esta nossa leitora a não
forçar a amizade com o cachorrinho, a esperar que seja ele a solicitar-lhe o
carinho e a protecção que necessita, já que a disciplina diante da afeição
tem-se revelado efémera e de pouco préstimo – caberá ao cão tomar a iniciativa!
E como ninguém nasceu para estar só e os cães foram criados para viverem ao
nosso lado, breve o pequeno Chow-Chow provará essa evidência. Entretanto não se
deixe morder, repreenda-o quando assim procede e gradualmente estabeleça-lhe
regras. Gratos pelo contacto, despedimo-nos com amizade.
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