terça-feira, 28 de março de 2017

POR ESTAS E POR OUTRAS É QUE NOS ORGULHAMOS DE SER QUEM SOMOS!

Sempre nos acusaram de inculcar nas nossas fileiras uma política do tipo “Last Man Standing”, referindo-se aos “sacrifícios” que exigimos aos nossos condutores caninos, que por norma caminham diariamente maiores distâncias com os seus cães, independentemente da hora do dia ou da noite e das condições climatéricas, havendo quem lhes chame por chacota de “papa-léguas”, numa alusão à binomial légua diária que alguns cumprem zelosamente (nunca foram muitos). Quem está a ouvir falar do assunto pela primeira vez certamente questionará o por quê da distância a percorrer que geralmente é vencida numa hora. Se os humanos precisam, para haver uma melhoria significativa dos seus ritmos vitais, de caminhar 3 km diários, os cães necessitam de 5 (cães adultos saudáveis de tamanho médio), feitos em marcha e não a passo ou galope, não só para a melhoria dos seus ritmos vitais mas também para o seu desenvolvimento muscular e saúde articular, procedimento que os condutores caninos não dispensam e que os cães agradecem, porque tal caminhada reproduz também e na íntegra a tão natural excursão de caça canina.
Antes que se inicie tal trajecto, como não podia deixar de ser, é dada aos animais a possibilidade de satisfazerem as suas necessidades fisiológicas. Durante a marcha diária são recapitulados todos os automatismos direccionais e se o percurso o permitir, o cão será conduzido em liberdade e ser-lhe-á pedido o mesmo desempenho, assim como alguns percursos de galope. Este procedimento reforça de sobremaneira a cumplicidade e os vínculos afectivos binomiais pelo trabalho comum de homens e cães, dando-lhes em simultâneo a resistência por detrás da disponibilidade que lhes garante a operacionalidade. Como se calcula, ainda que os horários possam ser rígidos (mais por necessidade dos donos), os percursos devem variar para se evitar a saturação dos animais e equilibrá-los nos diferentes ecossistemas, o que os tornará mais atentos, confiantes e menos receosos. Os donos cumpridores acabam por andar diariamente com os seus cães 90 minutos e não 60, porque durante 30 minutos desenvolvem com eles acções de alerta ou de busca para que mantenham em boas condições e não desusem o seu potencial sensorial, alternando-as invariavelmente com momentos de evasão para que os cães sejam iguais a si próprios e por momentos libertos do condicionamento.
Saiu recentemente um estudo, que parece dar-nos razão, oriundo da Universidade de Leeds Beckett/UK, relativo ao parecer dos proprietários caninos que reclamam espaços livres para soltarem os seus cães onde os animais possam comportar-se naturalmente de acordo com a sua espécie. O estudo foi publicado na revista “Social and Cultural Geography” e conduzido pelo Dr. Thomas Fletcher. O objectivo deste estudo foi o saber como os donos dividem o seu tempo com os cães e como procedem nas caminhadas conjuntas, assim como entender a sua mútua relação. Os proprietários caninos entrevistados disseram sentir-se na obrigação de soltar os seus cães como meio de os recompensar para que sejam iguais a si próprios e preencham as suas necessidades, que esse procedimento torna os cães mais felizes, gratos e próximos dos seus donos. Pelo mesmo estudo ficámos a saber que 40% dos lares britânicos tem um animal de estimação, que 8.5 milhões são cães e que os seus donos caminham com eles em média 8 horas e 54 minutos semanalmente (rigor britânico), também que essas caminhadas são geralmente divididas em dois momentos: antes e depois do trabalho. Resta dizer que a maioria dos cães ali são castrados, andam normalmente à solta e pouco incomodam os seus proprietários, que não lhes exigem um serviço particular e que apenas usufruem da sua companhia, o que nem sempre surte o efeito esperado debaixo do “princípio de que eles se entendem”.
Cães castrados temos cá muitos e cada vez serão mais, agora donos que passeiem com eles 1 hora diária é que são raros, sendo muitos cães confinados dentro de casa como coelhos, pendurados à janela ou soltos em quintais como se fossem cabras anãs ou porcos vietnamitas, o que é o um sério atentado ao seu bem-estar, viver social e saúde. Por estranho que pareça, mandriões como estes não se fartam de falar contra os maus-tratos animais (é preciso descaramento!). Entretanto, fiéis aos nossos princípios, continuaremos a ser “PAPA-LÉGUAS”, caminhada que não nos cansa porque não vamos sós. 

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