Mais depressa se acostumará um criador de cães a separar-se dos seus
cachorros, que um treinador a perder os seus alunos, particularmente quando
abandonam os trabalhos a meio e acabam por se livrar dos cães, prática
recorrente nos tempos que correm. Apesar da situação não ser nova e de serem
muitos os que assim procedem, de termos conhecimento antecipado dessa
possibilidade e de tentarmos ignorá-la, o desespero sempre nos bate à porta,
reforçado pela revolta, pela insatisfação e pela impotência, sentimentos que não
afrouxam com a experiência e com o avançar da idade, porque a relação
mestre-aluno na cinotecnia cria laços afectivos profundos, pelo trabalho comum,
pela comunhão de propósitos e pela divisão dos mesmos objectivos. Apesar de
ocupação ingrata, poucas actividades desnudam e aproximam os homens como o
adestramento, onde os mestres se transformam em condutores de homens para
valerem aos cães, transmitindo-lhes diariamente o ânimo, a experiência e o
saber, que os levará à futura constituição binomial, não hesitando em
carregá-los às costas, quando abatidos e prontos a vacilar, tarefas próprias de
um autêntico pai pedagógico. Por outro lado, enquanto interlocutores entre
homens e cães, devido à comunicação, à afeição e ao sentimento gregário canino,
os adestradores acabam por considerar os cães também seus, mercê do tempo e do
esforço dispendidos na sua capacitação. ”Nada como um dia atrás do outro”, é o
que dizemos nós, quando nos sentimos traídos e vimos o nosso trabalho
desperdiçado. Para tudo há que estar preparado!
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
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