Através de
um vídeo francês, tivemos conhecimento de um trio bailarino constituído por um
casal e um cão, eles trajados à escocesa e o bicho com o pêlo que Deus lhe deu,
que se prestam ao espectáculo e que têm merecido inúmeros aplausos. A
coreografia é pobrezinha e o trabalho do cão não vai muito por aí além,
remetendo-se a uns quantos cruzamentos por entre as pernas dos bailarinos, a
algumas inversões de marcha, a um raro e mal executado rastejar, a duas ou três
imobilizações na frente, ao menear da cabeça e a algumas brincadeiras com as
mãos. A fixação do cão, que é excelente, acontece pela atenção naquilo que os
bailarinos escondem entre mãos, algo de cor vermelha que o vídeo raramente
mostra (é preciso estar com atenção). Já vimos muito melhor, nomeadamente uma
labradora a dançar tango com o seu adestrador. No entanto, há que louvar a
transição do adestramento para o espectáculo e do condicionamento para a arte.
Sempre acalentámos o sonho de vir a fazer algo semelhante, uma dança com
cães e bailarinos profissionais, onde os animais dessem extensão e profundidade
aos movimentos dos artistas, completando-os, enriquecendo-lhes as figuras e
aumentando-lhes as expressões, numa coreografia necessariamente bela e
cúmplice, já que também treinamos os nossos cães através da linguagem gestual e
exigimos aos seus condutores sincronia entre o gesto e acção, o que leva à
pronta resposta de qualquer movimento. Infelizmente, até ao dia de hoje, não
conseguimos passar do sonho para a realidade, mais por culpa nossa do que dos
cães, porque sempre os tivemos aptos e não ousámos arriscar. Pode ser que o
consigamos ou que outros o consigam, sem truques e pela sublimidade da
linguagem gestual que espelha a genuína cumplicidade. Este é o link dos
bailarinos escoceses: www.youtube.com/embed/u53NmuX7I-I?list=UUqEobfdxKqbf7X-cUh9Ul0Q, vale a
pena ver, desvendar segredos, reparar nos desacertos, imaginar outra
coreografia, tentar fazer melhor e ir adiante!
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