Há um
tempo para tudo e já o sabemos há muito, como é bom amadurecer com a idade e
dividir experiências, aprender com os nossos erros e evitar que outros caiam
neles. É próprio dos jovens, de quem não gozou a juventude e de quem tarda em
amadurecer, procurar cães dominantes e valentes, não por necessidade mas para
alcançar vantagem, o respeito pelo medo que força a admiração. Graças ao estudo
que empreendemos em torno do Laekenois, lembrámo-nos deste tema e recordámo-nos
dos cães que fomos tendo ao longo dos anos, particularmente da relação entre a
prevalência e a inteligência caninas. Tivemos cães que, caso alcançassem as
estrelas, certamente as morderiam, mas não foram esses que mais nos
notabilizaram, evoluíram ou satisfizeram, porque foram indivíduos que nos deram
boleia, somente carenciados de travamento e com pouca evolução, mais explorados
pelos instintos do que sujeitos à transformação, enquanto prevalentes e usados
para fim especifico, mercê da sua carga genética.
Curiosamente,
foram os menos prevalentes e mais submissos, os dependentes de aprovação e
afecto, os que mais evoluíram, dispensando-nos de maiores cuidados e da
sobrecarga do travamento, substituindo-o pela cumplicidade e estabelecendo
connosco vínculos afectivos duradouros, que ao aumentarem a nossa
responsabilidade, nos transportaram para novas formas de entendimento. Ávidos
de agradar e em não fazer o que lhes era próprio, conseguiram assimilar o
ensino como modo de vida, não lhe criando barreiras e aceitando-o como legado
para a sua salvaguarda, pela humildade que aceitou a liderança e permitiu o livre
trânsito da inteligência, parceria que acabou para capacitá-los para todo e
qualquer tipo de acção, tornando-os também audazes e mais úteis.
É
possível que a variedade branca nos Pastores Alemães seja a menos prevalente, a
que apresenta menor número de indivíduos dominantes, mas ninguém põe em causa a
sua extraordinária capacidade de aprendizagem, utilidade e versatilidade, já
que é solicitada para múltiplas tarefas, competindo inclusive com outras raças
de grupos somáticos diferentes, reconhecidamente aptas e muito requisitadas.
Um cão
com forte impulso ao poder, e aqui fala também a experiência, é um indivíduo
que exige um dono experiente, seguro, destemido e inabalável, pronto para
confrontos mas hábil em evitá-los, porque não aceitará de bom grado a sua
sujeição, não abdicará gratuitamente das suas tendências e resistirá às tarefas
distantes dos seus alvos, factores que dificultarão seu processo pedagógico e
que obrigarão a certas cautelas, mesmo depois de correctamente educado ou
reeducado. Já o cão submisso, livre desse entrave, facilmente atingirá a
parceria, dedicar-se á ao dono e tudo fará para lhe agradar, assimilando
naturalmente os seus ensinamentos para melhor o acompanhar, mostrando-se atento
curioso e disponível. A experiência ensinou-nos que a menor capacidade de
aprendizagem anda de braço dado com os cães prevalentes, indivíduos de actuação
mecânica, de hábitos enraizados e fáceis de eliminar.
Sem comentários:
Enviar um comentário