Já lá diz o velho ditado que: “quem dá e reparte e não fica com a melhor
parte, ou é tolo ou não tem arte”, o que é verdade quando as escolhas são
livres e não forçadas, caso contrário não restará outra opção a quem reparte,
não fosse o dinheiro a raiz de todos os males e não sobressaíssem necessidades
imediatas, sortilégio que, no seu sentido mais amplo, irá transformar a miséria
duns no aumento dos proventos doutros, o que torna todas as crises benditas aos
olhos dos gananciosos. Fomos convidados para avaliar uma ninhada e ajudar na
escolha de um cachorro para o seu criador. Sem maiores delongas, porque já
temos os olhos preparados para isso (há quem lhe chame olho clínico, entre
tantas coisas), concluímos ser uma cachorra a melhor dos exemplares naquela
ninhada, considerando os prós e os contras do beneficiamento na sua origem e as
expectativas do seu criador, mais interessado num macho do que numa fêmea. Na
impossibilidade de suportar dois cachorros e não abdicando da sua escolha
inicial, o criador irá “despachar” a cachorra por um preço irrisório, passando
para outro o que por direito lhe pertencia, remetendo-se à qualidade possível e
entregando a excelência, o que nos leva à exacta compreensão doutros três aforismos
da sabedoria popular: ”dá Deus nozes a quem não tem dentes”, “quando uns não
querem, estão os outros estalando” e “a ocasião faz o ladrão”, ainda que se
possa usar outro com propriedade: “com o mal dos outros posso eu bem”.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
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