Agora que os pais actuais já não conhecem e não
cantam para os filhos a canção de embalar do “Papão”, típica do Alentejo e que
dizia assim “ Ó Papão vai-te daí / de cima desse telhado/
deixa dormir o
menino/ um sonho descansado”, é estranho reparar que os papões (medos)
nunca nos abandonaram. O último de que tivemos notícia chamava-se “Alemanha” e
apareceu no 1º jogo da Selecção Nacional de Futebol para o Campeonato do Mundo,
a decorrer no Brasil, porque muito antes da partida começar, já o “papão
teutónico” nos havia devorado (derrotado). O mesmo sucede na canicultura
portuguesa, nomeadamente com os criadores de cães nacionais, mais apostados nas
tradições do que nas mais-valias das suas raças, que por medo resistem ao
adestramento dos seus pupilos, quiçá para não expor publicamente os seus
desacertos, como se o treino fosse tarefa exclusiva dos cães estrangeiros e os
nacionais o dispensassem, preconceitos tornados pressupostos que aguardam
milagres como foi o caso do “cão do Sr. Barack Hussein Obama II”, pois só assim
se compreende que apenas 5% dos cães em treino sejam de raça portuguesa,
cabendo ao Fila de S. Miguel o seu maior número.
Apostado
em melhor conhecer a sua cadela e esperançado no seu desempenho, o Carlos Conde
decidiu, depois de alguma insistência nossa, introduzir a Musa à Pista Táctica,
uma fêmea de Cão de Água Português, negra, não castrada e agora com 12 meses de
idade. As suas e as nossas expectativas não saíram goradas, porque a cadela
venceu alegremente uma dúzia de obstáculos, acabando por fazer alguns deles em
liberdade (extensor de solo, verticais de 60 e 80cms, paliçada, passerelle,
bidons, ponte-quebrada, pórtico latino, pneu, muro de 1.08m, túnel e baloiço),
aprendendo ainda a nadar correctamente, completamente livre, para alegria dos
seus donos, rivalizando no desempenho com os cães residentes (pastores
alemães). As duas fotos atrás testemunham o que acabamos de dizer e daqui
exortamos todos os proprietários de cães de raça portuguesa a seguirem o
exemplo dos donos e condutores da Musa (Isabel e Carlos). Um dia memorável para
todos e que nos dispensou do dobrar a língua para dizer o nome da raça daquela
excelente cadela.
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