sexta-feira, 4 de julho de 2014

O MEDO É O MELHOR DOS CLIENTES E A FICÇÃO O PIOR DOS INIMIGOS

O medo domina o mundo, subjuga as nações, escraviza os indivíduos e leva-nos a guerrear por tudo e por nada. Por causa dele, os fracos não ousam levantar-se e os poderosos caem porque o desconsideram. Também os pregadores que o usam são bem sucedidos, ainda que preguem o contrário daquilo que lhes foi dado a anunciar, assim com certos adestradores, que ao invés de trazerem paz ao mundo, semeiam medo nas gentes para colher clientes, aumentando-lhes temores que levam à aquisição de cães para sua protecção, mesmo que desnecessária, valendo-se de notícias sensacionais e actos marginais, que apesar de esporádicos e isolados, são mais tangenciais a quem os usa do que a quem os teme. Esta manobra burlesca, tão velha quanto o mundo e exemplo típico de publicidade nefasta, faz-nos lembrar o ocorrido com ex-aluno nosso, a quem no sorteio de uma quermesse, saiu um par de rodas de motocicleta, não tendo para ele qualquer utilidade. Sabendo que o padre ali presente era forreta e dado a amealhar, vendeu-lhas por metade do preço e o pároco nem mota tinha, saindo daquele lugar o mais rápido que pôde!
De mansinho também saem os arautos da desgraça e arquitectos da protecção, quando os cães ficam fora de controlo e mordem nos donos, temem os bandidos depois do insucesso, são surpreendidos e põem-se em fuga, fogem de um simples isqueiro, ficam agarrados a trapos e a apanhar como pandeiros, não reagem ou acabam envenenados, porque venderam o filme e não o guardião, abraçaram a ficção e “esqueceram-se” da realidade. Que ninguém se iluda ou deixe iludir: nenhum cão isolado, com o dono a dormir, é um guarda 100% eficaz e se a coisa “dá para o torto”, ambos poderão nunca mais acordar! E nesta política de “The show must go on”, atendendo ao carácter irracional dos animais e à necessidade dos seus ataques de surpresa, os actuais métodos relativos aos cães de guarda, têm omitido ou remetido para as calendas gregas, o currículo defensivo destes animais, vulnerabilizando-os e colocando diariamente a sua vida em risco. As manobras de defesa não podem remeter-se unicamente a uns quantos golpes de varapau simulado, mas a todo um conjunto de condicionamentos que garantam a salvaguarda, a ocultação e a surpresa dos cães, dotando-os de experiências que os tornem melhor preparados e incorruptíveis, já que não são “toiros para pegas”, bravos que por norma acabam ludibriados em praça. Treinar cães para guarda jamais deverá ser um jogo que culmine com a sua morte!

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