O medo domina o mundo, subjuga as nações, escraviza
os indivíduos e leva-nos a guerrear por tudo e por nada. Por causa dele, os
fracos não ousam levantar-se e os poderosos caem porque o desconsideram. Também
os pregadores que o usam são bem sucedidos, ainda que preguem o contrário
daquilo que lhes foi dado a anunciar, assim com certos adestradores, que ao
invés de trazerem paz ao mundo, semeiam medo nas gentes para colher clientes, aumentando-lhes
temores que levam à aquisição de cães para sua protecção, mesmo que desnecessária,
valendo-se de notícias sensacionais e actos marginais, que apesar de
esporádicos e isolados, são mais tangenciais a quem os usa do que a quem os teme.
Esta manobra burlesca, tão velha quanto o mundo e exemplo típico de publicidade
nefasta, faz-nos lembrar o ocorrido com ex-aluno nosso, a quem no sorteio de
uma quermesse, saiu um par de rodas de motocicleta, não tendo para ele qualquer
utilidade. Sabendo que o padre ali presente era forreta e dado a amealhar,
vendeu-lhas por metade do preço e o pároco nem mota tinha, saindo daquele lugar
o mais rápido que pôde!
De
mansinho também saem os arautos da desgraça e arquitectos da protecção, quando
os cães ficam fora de controlo e mordem nos donos, temem os bandidos depois do
insucesso, são surpreendidos e põem-se em fuga, fogem de um simples isqueiro,
ficam agarrados a trapos e a apanhar como pandeiros, não reagem ou acabam
envenenados, porque venderam o filme e não o guardião, abraçaram a ficção e
“esqueceram-se” da realidade. Que ninguém se iluda ou deixe iludir: nenhum cão
isolado, com o dono a dormir, é um guarda 100% eficaz e se a coisa “dá para o
torto”, ambos poderão nunca mais acordar! E nesta política de “The show must go
on”, atendendo ao carácter irracional dos animais e à necessidade dos seus
ataques de surpresa, os actuais métodos relativos aos cães de guarda, têm
omitido ou remetido para as calendas gregas, o currículo defensivo destes animais,
vulnerabilizando-os e colocando diariamente a sua vida em risco. As manobras de
defesa não podem remeter-se unicamente a uns quantos golpes de varapau
simulado, mas a todo um conjunto de condicionamentos que garantam a
salvaguarda, a ocultação e a surpresa dos cães, dotando-os de experiências que
os tornem melhor preparados e incorruptíveis, já que não são “toiros para
pegas”, bravos que por norma acabam ludibriados em praça. Treinar cães
para guarda jamais deverá ser um jogo que culmine com a sua morte!
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