Tantas e
tantas vezes temos falado da marcha, enquanto andamento locomotor canino por
excelência, hoje vamos falar dela mais uma vez e certamente não será a última!
Ela é o terceiro andamento mais rápido dos quatro presentes nos cães (passo,
passo de andadura, marcha e galope) e o que mais resistência lhes oferece, para
além de melhorar o seu desempenho e contribuir para seu bem-estar e
longevidade.
Lamentavelmente,
por lhes faltar a disponibilidade física, muitos condutores optam por
abandoná-la e substituí-la pelo passo ou pelo passo de andadura, andamentos que
lhes são mais cómodos e menos desgastantes, havendo ainda alguns que,
conhecedores das suas limitações e não querendo desaproveitar a marcha, atrelam
os seus cães a bicicletas, tapetes rolantes ou a guias mecânicas, estratégias
que inviabilização o “junto” e que o enviarão para a terra dos desejos.
Substituir a marcha pelo passo de andadura, para além de não robustecer os
cães, é condená-los a posturas e comportamentos anómalos, responsáveis por
alterações morfológicas e psíquicas indesejáveis, capazes de rebentar o mais activo
e excelente dos cães.
Consentir que os cães escolares progridam a passo
de andadura no exercício da obediência é atrasar o alcance dessa disciplina, pelo
aumento da sua distracção e resistência, para além de condená-los ao
subaproveitamento na ginástica cinotécnica, uma vez que se verão obrigados a
acelerar indevidamente do passo para o galope, o que limitará tanto a altura
quanto a extensão das suas transposições, sujeitando-os ainda lesões
recuperáveis ou não, devido à saída precária dos obstáculos. E mesmo que daí,
por rara fortuna, não resulte nenhum destes males, devido à estagnação dos seus
índices atléticos, as suas performances serão sempre sofríveis e aquém das que
poderiam alcançar, caso houvessem sido adestrados em marcha. A transição “passo
de andadura-galope”, quando requerida sistematicamente, tem sido responsável
por muitos casos descritos como displasia ambiental, graças ao exagerado
esforço e desgaste empreendido pelos cães.
Os
condicionamentos operados por andamentos mais lentos do que a marcha, típicos
dos cães-guias, próprios dos cães farejadores e de terapia (também dos bracos
na aproximação da caça), acabam por diminuir a prontidão e a força de impacto
nos cães de guarda, podendo levá-los ao desinteresse ou a arremetidas menos
seguras, porque a evolução que desusa a marcha, ao ser anti-natural e obtida
por travamento, não dispensa o pesado fardo da inibição. Todo o cão que se
destina à prestação de socorro, a menos que a especificidade do seu serviço o
obrigue a outro andamento (ex: cães detectores de explosivos), deverá adoptar a
marcha como andamento preferencial, assim como aqueles que se destinam às
distintas provas desportivas, quer elas sejam de velocidade ou resistência,
porque importa robustecer todos pelo aumento da massa muscular. Um binómio em
marcha facilmente responderá a qualquer tipo de desafio, porque vai unido,
embalado e pronto para actuar.
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