Para além da cadência de marcha, o modo de conduzir
os cães à trela pode agravar os seus temores ou perpetuar os seus abusos, quer
fundamentando traumas quer enraizando vícios. Os cães que puxam desalmadamente à
trela fazem-no por incómodo ou por revolta, respostas comuns aos donos
dominados pela introversão, tensos no pegar da guia e resistentes à condução
atrelada. Se o objectivo prático do “junto” é ter o cão ao nosso lado (sempre à
mão), jamais o alcançaremos se o animal suspeitar da nossa liderança e
desconfiar de nós.
Como os cães dominantes apenas necessitam de regra
para não rebocarem os donos, não nos delongaremos com eles. Mais no interessa
debruçar sobre os submissos, aqueles que tomados de pânico, de uma só vez, vão
avante, mordem a trela, penduram-se à esquerda e interrompem a progressão,
perante determinadas situações ou circunstâncias que não lhes são familiares ou
que foram mal resolvidas pelos seus condutores, que isentando-os da desejada
familiarização, que produziria a sua adaptação, acabam por enraizar-lhes
temores que irão comprometer a futura condução alinhada.
Uma boa condução à trela não dispensa o incentivo
constante e cúmplice, obriga a uma condução descontraída e ao uso da
sensibilidade para se operarem os ajustes necessários. Para que isso aconteça,
o braço do condutor deverá permanecer descaído ao longo da coxa esquerda e a
sua mão deverá trabalhar o mais leve possível, porque só assim poderá
constatar, de imediato, os avanços ou recuos do cão, operando em seguida os
devidos reparos. Instintivamente, os condutores tendem a rebocar ou a puxar
para trás os animais, o que a breve trecho, dependendo do seu perfil
psicológico, os farão progredir adiantados ou atrasados, pela fricção que
melhor serve aos dominantes e pela coerção que mais inibe os submissos. As
correcções a operar deverão ser feitas para dentro, para o lado direito, no
intuito de garantir a tangente binomial. Trabalhando assim, uns e outros não se
atrasarão nem adiantarão. Para mais depressa se alcançar o “junto”, por cada
passada do cão, o condutor deverá reajustar a sua direcção, rodando a mão de
fora para dentro para auxiliar a acção do dedo mindinho, auxiliar responsável
pela suave condução atrelada. Na progressão para o alcance do “junto”, a corrente
do estrangulador deverá ir abatida e a trela solta, num ajuste que não
inviabilize as correcções a haver.
Nada
disto será válido se os medos dos cães não forem vencidos, pelo que urge
familiarizá-los primeiro com as novidades e só depois lhes exigir a condução
alinhada, o que irá exigir apoio, tempo, constância e paciência. Quando se
atropela a meta da familiarização, o “junto” será sempre periclitante,
circunstancial e sujeito a vários revezes.
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