sexta-feira, 11 de julho de 2014

MEDOS E ABUSOS NA CONDUÇÃO À TRELA

Para além da cadência de marcha, o modo de conduzir os cães à trela pode agravar os seus temores ou perpetuar os seus abusos, quer fundamentando traumas quer enraizando vícios. Os cães que puxam desalmadamente à trela fazem-no por incómodo ou por revolta, respostas comuns aos donos dominados pela introversão, tensos no pegar da guia e resistentes à condução atrelada. Se o objectivo prático do “junto” é ter o cão ao nosso lado (sempre à mão), jamais o alcançaremos se o animal suspeitar da nossa liderança e desconfiar de nós.
Como os cães dominantes apenas necessitam de regra para não rebocarem os donos, não nos delongaremos com eles. Mais no interessa debruçar sobre os submissos, aqueles que tomados de pânico, de uma só vez, vão avante, mordem a trela, penduram-se à esquerda e interrompem a progressão, perante determinadas situações ou circunstâncias que não lhes são familiares ou que foram mal resolvidas pelos seus condutores, que isentando-os da desejada familiarização, que produziria a sua adaptação, acabam por enraizar-lhes temores que irão comprometer a futura condução alinhada.
Uma boa condução à trela não dispensa o incentivo constante e cúmplice, obriga a uma condução descontraída e ao uso da sensibilidade para se operarem os ajustes necessários. Para que isso aconteça, o braço do condutor deverá permanecer descaído ao longo da coxa esquerda e a sua mão deverá trabalhar o mais leve possível, porque só assim poderá constatar, de imediato, os avanços ou recuos do cão, operando em seguida os devidos reparos. Instintivamente, os condutores tendem a rebocar ou a puxar para trás os animais, o que a breve trecho, dependendo do seu perfil psicológico, os farão progredir adiantados ou atrasados, pela fricção que melhor serve aos dominantes e pela coerção que mais inibe os submissos. As correcções a operar deverão ser feitas para dentro, para o lado direito, no intuito de garantir a tangente binomial. Trabalhando assim, uns e outros não se atrasarão nem adiantarão. Para mais depressa se alcançar o “junto”, por cada passada do cão, o condutor deverá reajustar a sua direcção, rodando a mão de fora para dentro para auxiliar a acção do dedo mindinho, auxiliar responsável pela suave condução atrelada. Na progressão para o alcance do “junto”, a corrente do estrangulador deverá ir abatida e a trela solta, num ajuste que não inviabilize as correcções a haver.
Nada disto será válido se os medos dos cães não forem vencidos, pelo que urge familiarizá-los primeiro com as novidades e só depois lhes exigir a condução alinhada, o que irá exigir apoio, tempo, constância e paciência. Quando se atropela a meta da familiarização, o “junto” será sempre periclitante, circunstancial e sujeito a vários revezes.

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