Antigamente os proprietários de animais domésticos não hesitavam na sua capacitação, esforçando-se por tirar deles o máximo rendimento, apesar das suas limitações ou menos valias, porque eram sua propriedade e só podiam contar com eles, transformando-os em auxiliares capazes e em companheiros de jornada. E quando as dificuldades surgiam, lutavam para as levar de vencida, culpabilizando-se pela sua falta de engenho ou arte face à demora nos resultados. Graças a isso, operaram autênticos milagres e ganharam experiência, tornaram-se sapientes e descobriram que alma dos animais sempre resulta da vontade dos donos.
Hoje, tanto na equitação como na canicultura, a filosofia é outra, assiste-se ao facilitismo e ao descarte dos animais, ninguém quer passar por dificuldades e a culpa é sempre dos bichos, ainda que a impropriedade dos donos seja por demais visível. Troca-se de cão ou cavalo como de camisa, os animais são desprezados como sapatos sem conserto e ninguém vê a ignomínia dos seus actos. Não são só os caçadores que abandonam cães, como não são só os mestres que trocam de cavalos, toda a gente os imita e todos procuram a vantagem, como se tudo fosse aceitável pelo politicamente correcto e o bem-estar animal fosse supérfluo. Mercê disto, a ignorância sobre os animais nunca foi tão abissal e o abate de muitos cedo acontece. Os animais de ontem são os mesmos de hoje, os homens é que são diferentes. Serão os homens de amanhã iguais aos de hoje? Esperemos que não!
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