terça-feira, 24 de novembro de 2009

O segundo Cão

A opção é típica de quem procura um cão de guarda, própria daqueles que não tiveram de imediato essa felicidade e que acabaram por adquirir um animal impróprio para a tarefa. Insatisfeitos, procuram um segundo cão, não olhando muitas vezes a despesas e certificando-se da sua qualidade, procurando na garantia genética o desempenho esperado. Apesar disso, as suas expectativas podem sair goradas e o insólito acontecer: vir a ter dois cães de igual qualidade e nenhum préstimo. O cão é um animal social e como tal, agrupa-se em matilha e esta não subsiste sem liderança. Se juntarmos ambos os cães, sujeitamos o mais novo ao aprendizado do mais velho, que naturalmente dominará sobre o mais novo, já que a liderança se encontra cativa à robustez física, ao sexo e à idade. Se não houver o cuidado de separarmos os cães e de os instruir individualmente, breve os medos ou impropriedades do mais velho serão transmitidas ao recém-chegado, mercê do exemplo oferecido pelos vínculos sociais. Quando isto acontece estamos na presença de uma matilha animal, porque a liderança humana sendo omissa, obstou à capacitação de um e desaproveitou o património genético do outro, deixando-os entregues a si próprios e arredados do serviço pretendido. Para que haja uma matilha funcional é necessário que o cão mais novo seja criado em separado, longe das influências indesejáveis do mais velho e exercitado nas tarefas a que se destina. Uma vez chegado à idade adulta, o cão mais novo, naturalmente mais apto e mais robusto, ajudar-nos-á na recuperação do mais velho e ambos trabalharão para o mesmo fim. Tudo o que é bom necessita de especial cuidado: “o descuido é a morte do artista”.

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