Em tempos idos tivemos um aluno de Santarém, chamava-se José e conduzia um Husky. Era um aluno simpático e cordial, daqueles que enriquecem qualquer grupo e de quem se sente falta (por norma, os condutores dos huskies são gente assim). Todos os dias saia à rua com o seu cão, não dispensava a recapitulação doméstica e exercitava-se pelas vielas daquela cidade. A partir de determinada altura verificou que não estava só, que atrás dele vinha um miúdo com um cão preso por uma corda, reproduzindo todos os exercícios que ele fazia com o Husky. A caminhada comum levou-os à amizade e o Zé ficou surpreso: o miúdo não tinha cão, cada dia era um diferente, de acordo com o cão vadio que conseguisse laçar. A habilidade do infante transtornou o nosso aluno, obrigando-o a confessar o sucedido. E porque não se calava sobre o assunto, mandámos que trouxesse o miúdo. O rapazinho veio e convenceu, conduzindo todos os cães em classe de modo irrepreensível, como se participasse das lições e nelas tivesse alcançado superior aproveitamento. O adestrador ficou boquiaberto, não queria acreditar no que via: o miúdo era um fenómeno! Dirigindo-se a ele, perguntou-lhe porque não tinha cão. “Não tenho cão porque os meus pais não querem. Eu peço-lhes mas eles não me deixam ter!” Atendendo ao tempo que já passou, esse miúdo é hoje um homem, que será feito dele, terá finalmente um cão?
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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