quarta-feira, 18 de novembro de 2009

No Forte da Feira e no Penedo do Lexim

O envolvimento cultural é uma das nossas missões, porque não podemos desprezar quem somos e donde viemos. Temos essa responsabilidade perante os mais novos e todos somos história viva. A zona saloia há muito que se encontra descaracterizada mercê das migrações de Norte e Sul e de se situar nos arredores de Lisboa, constituindo-se hoje, um pouco por toda a parte, num autêntico dormitório da Capital. Dificilmente se encontram saloios de 3ª geração e até no folclore as mãos dançam ao alto, na transição do bailarico para a chula. Os saloios do passado não tinham como preservar o seu património, pois grassava o analfabetismo e a economia da sobrevivência. E os que foram chegando, porque eram desenraizados, pouca importância lhe deram, cativos às “berças” ou melancolicamente ligados a um monte com alguns chaparros. Apesar de alguns avanços nesse sentido, o património saloio continua degradado e ignorado, distante de quem vive ao seu lado. Esta semana, trabalhámos obediência e pistagem nas áreas limítrofes ao Forte da Feira e ao Penedo do Lexim, associando a cultura adjacente à prática cinotécnica.
E porque importa falar de cultura, passaremos adiante dos trabalhos efectuados. O Forte da Feira, na Malveira, foi edificado por volta de 1809, fazendo parte da 2ª linha de defesa da Capital, para entravar o avanço das tropas napoleónicas a Lisboa, por indicação dos estrategas militares ingleses, então nossos aliados. A sua planta aponta para um estrela de sete pontas, é todo circundado por um fosso escavado no saibro, variando a sua altura entre 2.5 e 3.5 metros, numa largura de 2. Tanto o fosso como a muralha foram integralmente escavados no saibro pelo contributo dos populares e tem 173 metros de perímetro. Comportava uma guarnição de 250 homens e encontrava-se apetrechado com 4 canhões de 12 polegadas e tinha 5 baterias de fogo. Em 1895 surge com definitivamente com o nome actual e só em 13 de Agosto de 2002 foi objecto de alguma recuperação (corte de árvores, supressão do matagal, colocação de placas informativas e passadiços de acesso). Ao que consta, essa obra foi levada a cabo pela conjugação de esforços do Grupo Hiperactivo, Câmara Municipal de Mafra e Exército Português, quase duzentos anos depois da sua edificação. Contudo, o local é pouco publicitado e pouco apelativo, falta informação mais detalhada e carece de visitantes.
O Penedo do Lexim é uma chaminé vulcânica de pedra basáltica situado junto à localidade de Igreja Nova. No seu topo existe uma estação arqueológica, cujas trabalhos ainda não foram encerrados. Segundo as evidências ali encontradas, funcionou com espaço habitacional durante milénios, dando guarida a agricultores e pastores. Segundo se diz, foi ocupado desde o neolítico até à época romana, constituindo-se como um castelo natural, já que o povoado nele descoberto se evidencia fortificado. O local é paradisíaco e contrasta com os maus acessos, adornados por carrascos, silvas e demais mato em franco progresso, não raramente adornados por montículos de quem se viu em necessidade ou de acessórios próprios ao exercício da paixão. Com tanto exercício, é caso para se perguntar: porque tivemos menos 100.000 bebés este ano. Queira Deus que chova! O local é muito visitado e consta de alguns passeios pedestres regionais, sendo policiado pelo Exército no seu combate contra os fogos florestais. A estrada que lhe dá acesso é muito estreita, o que impossibilita nalguns troços o cruzamento de veículos. Muitos dos fragmentos do maciço têm sido surripiados devido à sua forma única e prismática, lembrando colunas de 5 ou 6 arestas. Alguma da flora ali encontrada é única na região.

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