Aqui está uma questão de difícil resposta mas que não param de
fazer-nos, apesar do assunto estar longe do nosso agrado, porque labutamos pela
longevidade dos cães e não pelo encurtamento dos seus dias. A última palavra
para o abate forçado de um cão caberá ao seu dono, árdua decisão a que todos se
esquivariam se pudessem e que tentamos postergar o mais possível, considerando
os fortes laços afectivos e a cumplicidade que mantemos com estes companheiros,
sem dúvida únicos, que passam a sua vida ao nosso lado e que alegram os nossos
corações, acompanhando-nos nas veredas que temos que trilhar. Sim, quando morre
o nosso cão ficamos mais pobres, porque é um amigo que parte e na vida não
teremos muitos, levando consigo algo de nós que jamais recuperaremos, um vazio
que em vão tentaremos preencher, já que o tempo não volta atrás. Quanto mais
próxima e profunda for relação entre o dono e o seu cão, mais difícil se
tornará tomar a decisão de abatê-lo.
Conscientes do melindre da
situação, apenas podemos adiantar as razões que nos levaram e infelizmente
levarão a eutanasiar os nossos cães, que mais consideram o sofrimento dos
animais do que o nosso, princípio para nós razoável e altruísta que deverá
suplantar a nossa perca. Não será a idade, o menor préstimo, alguma
incapacidade ou a trabalheira que nos forçarão ao abate dos animais, muito
menos a nossa conveniência ou a de outros, mas a presença de enfermidades
progressivas (terminais) sem recuperação, que gradualmente vão privando os cães
das suas funções vitais, sujeitando-os a uma vida quase vegetativa e artificial
pela aplicação continuada de um conjunto de drogas.
Quando adquirimos um cão não pensamos no caso e quando ele nos aflora
tentamos esquecê-lo, como se a morte não viesse, tardasse em demasia ou
chegasse súbita e indolor, mercê do apego à vida que a todos mantém de pé
(homens e cães), expectativa biológica, antropológica e cultural que alguns
tratam por fé e que os leva a sonhar com a imortalidade. Não obstante, mais
importa trabalhar pelo aumento da esperança de vida dos cães do que lamentar
precocemente a sua morte, dispensando-lhes todos os cuidados inerentes ao seu
bem-estar, porque a sua vida é curta e importa que a vivam plenamente.
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