A América (os Estados Unidos) ainda não perdeu o seu fascínio e não o perderá
enquanto em cada um de nós houver um “american dream”, responsável ainda hoje pela
invasão massiva e constante das suas fronteiras a Sul, tanto terrestres como
marítimas, como vem sucedendo agora também na Europa via Mediterrâneo, não por
“hispânicos” mas por emigrantes ilegais africanos de igual condição e desejo.
Muito do pioneirismo americano permanece até aos dias de hoje (para o melhor e
para o pior), uma referência maior para quem não teve Idade Média e se formou a
partir de distintas levas de emigração, não sendo por isso de estranhar,
encontrar por lá polícias que se sentem juízes e executores de penas,
“Sheriffs” e “Marshals” que nos seus condados são reis e senhores,
governando-os despoticamente e segundo leis nem sempre claras, locais, retrógradas
e advindas do seu parecer, o que pode transformar-se num contratempo bastante
sério para quem desejar visitar o interior dos Estados Unidos, ao desconhecer
esses preceitos que facilmente os entenderá como arbitrários e ultrapassados,
quiçá até irreais (o que já nos sucedeu). A América não é só Nova Iorque, é
muito grande e bastante distinta dentro dos seus Estados e limites geográficos.
É sabido que a justiça
norte-americana é por vezes demasiado vingativa e advinda duma política de
“olho por outro e dente por dente”, que se reverteu nos primórdios em “hanged
on”, debaixo de um espírito que podemos traduzir por “toma lá que já
almoçaste”, o que em caso de engano não poupará os inocentes. Exemplo disso é a
pitoresca notícia divulgada recentemente, ocorrida em Ohio e que envolveu uma
motorista, o seu cão e um agente policial. Ao que consta, a dita senhora, ao
deslocar-se a um supermercado, deixou o cão dentro do carro com as janelas
fechadas num dia de muito calor. Ao regressar das compras e ao dirigir-se à sua
viatura, foi surpreendida por um polícia que, longe de lhe passar qualquer
multa ou de a sujeitar a qualquer advertência, não esteve com meias medidas,
obrigando-a a sentar-se ao lado do exausto animal nas mesmas condições (sem
ligar o carro, com o ar condicionado desligado e com as janelas fechadas), para
que compreendesse o mal que havia feito ao cão (incidente que não é inédito nos
States). Como a lesada não apreciou a sauna a que se viu forçada, decidiu
apresentar queixa em tribunal contra aquele agente da autoridade, muito embora
o homem do uniforme argumente não ter dado uma ordem explícita àquela dona desleixada
mas formulado apenas um pedido. Seja como for, “é uma lição e pêras”, somente
possível naquelas latitudes ou em regimes por demais autoritários, muito embora
haja ocasiões em que nas apeteça fazer o mesmo. Independentemente do desfecho
do processo, a menos que aquela cidadã seja tola (o que tudo indica que seja),
não voltará a deixar o seu pet nas mesmas condições.
E como as distracções, os desleixos e as tolices não acontecem só na
América, porque doutro modo não nos faltariam americanos por aqui, agora que os
dias começam a aquecer e o calor aperta, não deixe o seu cão dentro do carro sem
ventilação, procure estacionar a viatura à sombra e não se demore. Não tendo a
possibilidade de garantir estas condições, porque não são fáceis de encontrar,
mais vale deixar o seu companheiro de quatro patas em casa, onde se sentirá
mais cómodo e onde correrá menos riscos para a sua saúde. Os cães mais sujeitos
aos golpes de calor são os de focinho curto, os de manto mais denso e os de cor
escura, os cachorros e os idosos, os mais obesos e os arredados do exercício
físico regular, para além daqueles que apresentam insuficiência ou dificuldades
respiratórias por histórico clínico individual ou carga genética, animais para
quem a presença continuada dentro de viaturas poderá ser fatal nos dias com temperaturas
mais elevadas.
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