A época balnear abre
oficialmente este ano no dia 1º de Maio, tanto na zona da Linha como no
Algarve, não obstante os surfistas frequentarem as praias de Janeiro a
Dezembro, assim como outros que ali se deslocam mal o sol espreita. Como é do
conhecimento geral a entrada de cães nas praias é proibida, pelo menos na sua
esmagadora maioria, pelo que não adianta fazer vista grossa às placas de
proibição, desobedecer à lei, protestar, ser multado ou correr à frente do “Cabo-de-Mar”.
Tarda o dia em Portugal para a concessão de praias para cães, talvez porque
ninguém até hoje a solicitou ou estivesse disposto a abraçar a ideia, apesar do
projecto exigir pouco investimento, ser necessário, viável e rentável. A
proibição dos cães nas praias não é coisa nossa e acontece um pouco por toda a
parte, mercê da fobia de uns, comodidade de outros e dos abusos perpetrados por
alguns proprietários caninos, que não apostando na coabitação harmoniosa dos
seus cães na sociedade, desprezaram e continuam a desprezar as regras que
garantiriam a sã convivência entre pessoas e animais, o que torna a aceitação
dos cães num esforço bilateral, cabendo aos seus donos dar o primeiro passo
para o convencimento da opinião pública, boa vontade visível em poucos e que a
todos vitima (homens e cães). Mais depressa ganharão os cães juízo na mão de
terceiros do que os seus taradinhos e adoradores!
As praias da África do Sul têm sido,
há até bem pouco tempo, um verdadeiro paraíso para os cães, locais onde podiam
divertir-se, fazer exercício e acompanhar os donos. Devido aos abusos, Belinda
Walker, principal responsável do “Committee Member for Community Services and
Special Projects”, na Cidade do Cabo, anunciou que este ano a maioria dessas
praias se encontra interdita aos cães, considerando o ocorrido nos anos
anteriores, quando alguns deles incomodaram banhistas, atacaram crianças,
cavalos e pinguins, para além de lutarem entre si, pondo em risco a integridade
e o bem-estar das pessoas, o equilíbrio ecológico, outros animais, espécies
protegidas e a limpeza das praias pela ocorrência de dejectos, problemas que
não enfrentamos aqui devido à presente proibição durante a época balnear e em
vigor há vários anos, medida draconiana que penaliza o despreparo dos donos, a
ausência de sociabilização dos cães e a sua relação desastrosa. Sem outras
alternativas, cães e donos ver-se-ão obrigados a ir para praias isoladas ou a
visitar as mais concorridas pela noite, quando se encontram desertas e o seu
policiamento é menos acérrimo.
Antes de levar o seu cão para a praia
convém que o ensine a nadar correctamente, com os quatro membros abaixo da
linha de água e com a cauda a servir de leme, porque doutro modo poderá entrar
em aflição e exaustão, ser levado pela corrente e perecer. E mesmo que isso não
suceda, devido à má experiência, a água poderá vir a constituir-se num trauma
para ele, problema de difícil e demorada solução. Importa que não o deixe comer
areia, porque algumas praias do litoral, particularmente as não fiscalizadas e
menos higienizadas, mercê das lavagens de porão dos navios ao largo da nossa
costa, apresentam resíduos de nafta e de outros produtos químicos, responsáveis
por intoxicações graves que o poderão levar à morte. Quando pretender correr
com ele na areia, faça-o o mais perto da água possível, onde a areia se
encontra mais compactada, pormenor que diminuirá a incidência de lesões, o
agravamento do seu estado articular e evitará a sua estafa.
Banhos
consecutivos de mar tendem a secar a pele dos cães e a arruçar a sua cor como
reflexo, pelo que deverão banhar-se depois em água doce quando sujeitos a tal
incidência. Durante a época balnear e contrariando o que fazem saber os fabricantes,
as coleiras antiparasitas deverão ser trocadas aos 45 dias (no máximo aos 60),
porque a sua validade diminui significativamente diante de banhos constantes.
Evite ir para a praia com o seu cão tanto ao amanhecer quanto ao anoitecer,
ocasiões propícias para o mosquito transmissor da leishmaniose. Passar o dia na
praia com o cão obriga ao transporte de um garrafão com 5 litros de água (no
mínimo), que deverá ser conservado à sombra e mantido fresco, porque tanto o
calor como a água salgada aumentarão substancialmente a necessidade de beber do
animal (reidratação). Não obrigue o animal a sprints, perseguições ou capturas
constantes, particularmente entre as 11 e as 15 horas, horário em que acontecem
as temperaturas mais elevadas.
Por tudo
o já dissemos, sempre optámos por praias fluviais no Verão e praias marítimas
antes ou depois da época balnear, nunca convidando os cães para o banho quando
a temperatura da água se encontrava abaixo dos 15 graus celsius, a bem do seu
bem-estar geral e em abono das suas articulações. Bons banhos e boas caminhadas
com o seu cão ao lado, se tal for possível. Como a época balnear apresenta
vários perigos para os cães, é de todo conveniente precaver-se e consultar o
seu veterinário acerca deste assunto, porque ele melhor do que ninguém saberá
dizer-lhe como proceder e como evitar as afecções mais comuns nesta época do
ano.
Sem comentários:
Enviar um comentário