sábado, 2 de maio de 2015

ABERTURA DA ÉPOCA BALNEAR E OS CÃES

A época balnear abre oficialmente este ano no dia 1º de Maio, tanto na zona da Linha como no Algarve, não obstante os surfistas frequentarem as praias de Janeiro a Dezembro, assim como outros que ali se deslocam mal o sol espreita. Como é do conhecimento geral a entrada de cães nas praias é proibida, pelo menos na sua esmagadora maioria, pelo que não adianta fazer vista grossa às placas de proibição, desobedecer à lei, protestar, ser multado ou correr à frente do “Cabo-de-Mar”. Tarda o dia em Portugal para a concessão de praias para cães, talvez porque ninguém até hoje a solicitou ou estivesse disposto a abraçar a ideia, apesar do projecto exigir pouco investimento, ser necessário, viável e rentável. A proibição dos cães nas praias não é coisa nossa e acontece um pouco por toda a parte, mercê da fobia de uns, comodidade de outros e dos abusos perpetrados por alguns proprietários caninos, que não apostando na coabitação harmoniosa dos seus cães na sociedade, desprezaram e continuam a desprezar as regras que garantiriam a sã convivência entre pessoas e animais, o que torna a aceitação dos cães num esforço bilateral, cabendo aos seus donos dar o primeiro passo para o convencimento da opinião pública, boa vontade visível em poucos e que a todos vitima (homens e cães). Mais depressa ganharão os cães juízo na mão de terceiros do que os seus taradinhos e adoradores!
As praias da África do Sul têm sido, há até bem pouco tempo, um verdadeiro paraíso para os cães, locais onde podiam divertir-se, fazer exercício e acompanhar os donos. Devido aos abusos, Belinda Walker, principal responsável do “Committee Member for Community Services and Special Projects”, na Cidade do Cabo, anunciou que este ano a maioria dessas praias se encontra interdita aos cães, considerando o ocorrido nos anos anteriores, quando alguns deles incomodaram banhistas, atacaram crianças, cavalos e pinguins, para além de lutarem entre si, pondo em risco a integridade e o bem-estar das pessoas, o equilíbrio ecológico, outros animais, espécies protegidas e a limpeza das praias pela ocorrência de dejectos, problemas que não enfrentamos aqui devido à presente proibição durante a época balnear e em vigor há vários anos, medida draconiana que penaliza o despreparo dos donos, a ausência de sociabilização dos cães e a sua relação desastrosa. Sem outras alternativas, cães e donos ver-se-ão obrigados a ir para praias isoladas ou a visitar as mais concorridas pela noite, quando se encontram desertas e o seu policiamento é menos acérrimo.
Antes de levar o seu cão para a praia convém que o ensine a nadar correctamente, com os quatro membros abaixo da linha de água e com a cauda a servir de leme, porque doutro modo poderá entrar em aflição e exaustão, ser levado pela corrente e perecer. E mesmo que isso não suceda, devido à má experiência, a água poderá vir a constituir-se num trauma para ele, problema de difícil e demorada solução. Importa que não o deixe comer areia, porque algumas praias do litoral, particularmente as não fiscalizadas e menos higienizadas, mercê das lavagens de porão dos navios ao largo da nossa costa, apresentam resíduos de nafta e de outros produtos químicos, responsáveis por intoxicações graves que o poderão levar à morte. Quando pretender correr com ele na areia, faça-o o mais perto da água possível, onde a areia se encontra mais compactada, pormenor que diminuirá a incidência de lesões, o agravamento do seu estado articular e evitará a sua estafa.
Banhos consecutivos de mar tendem a secar a pele dos cães e a arruçar a sua cor como reflexo, pelo que deverão banhar-se depois em água doce quando sujeitos a tal incidência. Durante a época balnear e contrariando o que fazem saber os fabricantes, as coleiras antiparasitas deverão ser trocadas aos 45 dias (no máximo aos 60), porque a sua validade diminui significativamente diante de banhos constantes. Evite ir para a praia com o seu cão tanto ao amanhecer quanto ao anoitecer, ocasiões propícias para o mosquito transmissor da leishmaniose. Passar o dia na praia com o cão obriga ao transporte de um garrafão com 5 litros de água (no mínimo), que deverá ser conservado à sombra e mantido fresco, porque tanto o calor como a água salgada aumentarão substancialmente a necessidade de beber do animal (reidratação). Não obrigue o animal a sprints, perseguições ou capturas constantes, particularmente entre as 11 e as 15 horas, horário em que acontecem as temperaturas mais elevadas. 
Por tudo o já dissemos, sempre optámos por praias fluviais no Verão e praias marítimas antes ou depois da época balnear, nunca convidando os cães para o banho quando a temperatura da água se encontrava abaixo dos 15 graus celsius, a bem do seu bem-estar geral e em abono das suas articulações. Bons banhos e boas caminhadas com o seu cão ao lado, se tal for possível. Como a época balnear apresenta vários perigos para os cães, é de todo conveniente precaver-se e consultar o seu veterinário acerca deste assunto, porque ele melhor do que ninguém saberá dizer-lhe como proceder e como evitar as afecções mais comuns nesta época do ano.

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