terça-feira, 31 de agosto de 2010

Das ameias do seu castelo para a terra de ninguém

Todos os cães são territoriais, uns mais do que outros, o que lhes possibilita o ofício guardião, o policiamento da casa e a guarda dos pertences dos donos. A não atribuição de um território específico aumenta a sua vulnerabilidade e lança-os na mais profunda confusão, fenómenos também alcançáveis pela troca sucessiva de territórios. Quando um cão se encontra bem instalado no seu grupo e divide com ele o seu território, mais depressa e de modo mais aguerrido o defenderá. A excursão do cão pressupõe o seu regresso a casa, local do seu agrado onde retempera as forças, coabita com o seu grupo, sente-se protegido e donde expulsa os intrusos. O cão robustece-se em casa para sair com o dono e dificilmente esquece o seu local de pernoita, porque dele também resulta, em grande parte, a confiança para enfrentar a novidade e os desafios que lhe irão ser propostos. Os bons cães de guarda sempre emanam da simbiose fornecida pelo correcto escalonamento social e pela coabitação territorial, porque o cão resiste a ficar só e depende do grupo para se sentir confiante. Um cão isolado, perdido numa vasta extensão e entregue a si próprio, é um soldado apátrida e perdido, rodeado por pretensos inimigos que sempre o assolam e confundem. O cão que nunca sai, jamais se sentirá confiante na rua, porque a novidade sufocá-lo-á e será dominado pela desconfiança, mercê da experiência havida e do seu despreparo. O viver social canino que sustenta a sua territorialidade, não pode e não deve ser ignorado, caso contrário, o cão nem a sim mesmo valerá.

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