Não queremos aqui parodiar a Escritura Sagrada (Mc.5, 35-43), porque somos cristãos, infelizmente somos cada vez menos e vivemos felizes com a nossa Fé. Mas as palavras do nosso Divino Mestre, expressas naquela ocasião bíblica, repercutem-se no nosso quotidiano e ganham forma através da terapia canina. A relação binomial será sempre uma permuta, porque se os cães alcançam adaptação, os donos acabarão por colher os seus benefícios. Um deles, por vezes o menos perceptível, é o operado pela terapia canina, acção multifacetada que opera mais-valia físicas, psicológicas e sociais nos condutores cinotécnicos, contribuindo para a recuperação da sua boa forma, melhor equilíbrio e ajudando na sua integração social. No meio dos nossos trabalhos dominicais alguém disse, alto e em bom som: “É pá! Aqui até os coxos correm!”. A razão de espanto deste nosso espectador imprevisto assentou sobre o particular de dois condutores nossos: um vítima de grave acidente doméstico e o outro dum brutal acidente de trânsito, ambos do sexo feminino e de igual força de vontade, apesar de termos outro, vítima de uma doença infantil, que ao momento não se encontrava presente. Aos três queremos congratular pelo empenho e sentimo-nos seus devedores. Ainda que todos mereçam nota de destaque, a título de exemplo, queremos manifestar aqui o caso da Célia Coito, esposa do Rui e mãe do Rodrigo, condutora do CPA Igor e frequentadora assídua dos nossos trabalhos. Ela, num dia de má memória, acabou debaixo de um camião, com uma perna cortada em vários lados e com a vida presa por um fio. A sua recuperação foi penosa, deixou sequelas e alterou-lhe a carreira. Chegou à escola com manifestas dificuldades locomotoras. No princípio via-se obrigada a parar amiúde e chegava a casa com o joelho esquerdo feito num trambolho, situação incómoda e assaz dolorosa. Com o decorrer dos trabalhos, a Célia reaprendeu a andar, apanhou a cadência de marcha e recuperou a alegria de correr, metas que há muito desejava e que foram alcançadas inesperadamente. Atendendo ao sucesso, somos obrigados a reconhecer o trabalho do Igor, um fisioterapeuta de quatro patas, um amigo sempre presente e um companheiro de valor inestimável. Aos donos dos cães que trocam o passeio diário com eles pelo refastelar nos sofás, efémero, doentio e mórbido, apraz-nos dizer que se levantem (“talitha cumi”), que saiam para a rua e descubram que vale a pena viver. À imagem de um bom relógio de pulso, o relógio do nosso corpo pode também ser atrasado, basta querer, isto se alvo inevitável não nos surpreender! Queremos deixar aqui o nosso muito obrigado a todos os Igor’s do mundo, àqueles que suavizaram as dores dos seus donos, que lhes abriram caminho, que os dotaram de maior autonomia e que os devolveram mais confiantes ao seu mundo.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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