Citar-nos em certos meios
para justificar palermices e atentados ao bem-estar animal parece estar na moda,
hábito de “sapateiros a tocar rabecão” cujo empirismo desconsidera os abusos e despreza
o particular etário dos cachorros em treino. E como se isso não bastasse, ainda
se gabam dos seus feitos idiotas como se fossem prodígios nunca vistos. Como
urge destrinçar a verdade da mentira, vamos a um caso concreto.
Fomos nós que introduzimos
em Portugal o “MÉTODO
DA PRECOCIDADE” preconizado por EBERHARD TRUMLER
(1923 – 1991), considerado o “Nestor” cinológico dos países de língua alemã, o
que nos levou a treinar cães a partir dos 4 meses de idade, enquanto outros
faziam-no mais tarde: uns aos 8 meses e outros a partir de um ano de idade. É
verdade que no nosso “QUADRO
DE CRESCIMENTO FUNCIONAL”, no 3º Ciclo Infantil (dos 4 aos 6
meses), na alínea da ginástica, constam saltos de barreiras até 60 cm; rampas
com 30º de inclinação; passagens estreitas e 1 km de marcha diária, o que não
significa que todos os cachorros devam saltar 60 cm de altura ou atingir todo o
patamar atlético adiantado.
E dizemos isto porquê?
Para não irmos contra o 1º dos 9 princípios fundamentais do treino canino que
constam da nossa pedagogia de ensino – o “PRINCÍPIO
DA INDIVIDUALIZAÇÃO” - que diz: “Cada
cão possui uma individualidade biológica e psicológica que reage e se adapta de
forma diferente a exercícios de treino semelhantes”.
Diante disto, será o cão que temos na frente a determinar tanto os conteúdos de
ensino como a metas e objectivos a alcançar em matéria de ginástica, jamais qualquer
quadro ou tabela previamente estabelecidos que possam pôr em causa a
salvaguarda e bem-estar do animal.
Aos 4 meses de idade, os
cachorros já apresentam acentuadas diferenças entre si (morfológicas,
psicológicas e cognitivas) quer sejam da mesma raça ou até irmãos de ninhada, havendo-os
leves e mais pesados, mais e menos curiosos e uns mais precoces do que outros.
Convém relembrar que a ginástica cinotécnica para os cachorros dos 4 aos 6 meses
de idade assenta sobre um duplo propósito: a correcção morfológica e o
robustecimento atlético. Nenhum deles reclama por brevidade e os dois visam o
desenvolvimento harmonioso dos animais, sabendo-se que crescimento físico
acompanha naturalmente o crescimento cognitivo.
Se me vier parar às mãos
um cachorro de 4 meses, ainda com os dentes de leite, com peso igual ou superior
aos 25 kg, ligeiramente tapado de trás (jarrete de vaca) e com uma curva de
crescimento vertical até aos 12 meses, será aconselhável pô-lo a saltar 60 cm, mesmo
que mostre vontade de fazê-lo? É evidente que não! Porque é demasiado pesado e
pode incorrer em problemas estruturais relacionados com a fragilidade do seu
esqueleto. Pela mesma razão teremos igual cuidado com os cachorros obesos e com
os gigantes.
O que fazer com cachorros
assim? Basicamente marcha e extensor de solo, a primeira para muscular e o
segundo para operar a correcção morfológica! E quanto a saltos? Somente os que
o cachorro fizer de livre e espontânea vontade! O desenvolvimento atlético dos
cachorros acontece de acordo com a disponibilidade que vão manifestando e nunca
pela imposição de exercícios abusivos e despropositados capazes de pôr em risco a sua saúde,
bem-estar e longevidade. Isto é o que defendemos, isto é o que ensinamos!
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