Sempre que falamos em
drones, atendendo ao caricato da situação, vêm-nos à memória um jovem
brasileiro de gestos delicados, largos e expressivos, de trunfa pintada e voz
estridente que juntava à insinuação a roupa justa, indivíduo que rapidamente
ganhou a alcunha de “Flechinha”, quiçá numa alusão ao Deus Cupido, que se
divertia com o seu drone a contornar a fachada do Palácio Nacional de Belém,
residência oficial do Presidente da República, lançando-o e controlando-o a
partir dos Jardins Vasco da Gama e Mouzinho de Albuquerque, sem nunca ser
surpreso ou ver o seu aparelho apreendido?! Ainda bem que era apolítico, extremamente
manso e nada tinha de subversivo, apesar de vítima do bullying verbal dos seus
colegas de trabalho (atenção à nova legislação sobre os drones e a sua
utilização). Mas se não era um perigo para a segurança nacional, não deixava de
ser um incómodo para os proprietários caninos, porque com aquele aparelho
perseguia e convidava para a perseguição os cães alheios. Deixemos o
“Flechinha”, cuja paragem ignoramos e vamos ao que interessa.
Se entendermos um drone
como um aparelho ou utensílio fácil de manobrar para realizar tarefas
arriscadas, para complementar as acções humanas e tirar partido das suas
vantagens, a analogia surge imediata: a transformação do lobo em cão deu ao
homem o primeiro drone natural, sendo secundado mais tarde pelo aproveitamento
de águias, falcões e outros rapaces. Como drone tem vindo a ser utilizado até aos
nossos dias, enquanto cão de caça, de guarda, de polícia e como cão de guerra,
bastando relembrar no último caso que foi usado como arma anti-tanque e ainda
hoje é requisitado como detector de explosivos, o que do ponto de vista ético
coloca sérias questões e alguns engasgos a quem o cria e usa para esse fim,
isto se considerarmos a Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
Poderão os cães vir a ser
substituídos por drones autênticos, agora que o seu bem-estar é objecto de
maior sensibilidade e os avanços tecnológicos não param de nos surpreender?
Estamos convencidos que sim, que tudo será uma questão de tempo, considerando a
experiência piloto em curso nos Marines norte-americanos, que testam há já
alguns anos cães robotizados, protótipos dos futuros cães de guerra. É evidente
que isso não será para já, porque subsistem ainda culturas, sociedades e
regimes que menosprezam a vida dos cães e de outros animais, nações pobres,
avessas ao desenvolvimento e que parecem viver em séculos anteriores ao nosso, para
quem os cães são sinal de impureza ou de apostasia, por norma as mesmas que
fazem explodir os seus próprios combatentes. Acresce a este atraso histórico o
facto dos cães serem de fácil acesso e baratos. Se houver mundo para tanto, é
possível que finalmente todos deixem os cães em paz.
Na gíria do adestramento
chama-se “cão-drone” àquele que executa acções invasivas e ofensivas de
surpresa sem se deixar apanhar, por via de condicionamento prévio com o dono
oculto ou ausente, acções muitas vezes confundidas como instintivas ou acidentais.
Para melhor se entender o que acabámos de dizer e porque infelizmente a
violência doméstica só agora está ser denunciada e é considerada crime, também
porque cresce o número de homens agredidos pelas suas companheiras, vamos a um
caso hipotético de homicídio consumado:
Determinada senhora, há
muito desiludida com o seu companheiro mas não com o seu dinheiro, para quem o
divórcio nada aproveitaria, decide adquirir e treinar em segredo um cão para guardar
objectos, no intuito de se livrar do marido e poder lançar mão da sua fortuna.
Durante meses a fio potencia a força de mordedura do animal, impede-o de fazer
amizade com o companheiro e condiciona-o a atacar violentamente quem lhe mexer
na carteira. Chegada a ocasião propícia, vai para o carro e chama o marido que
se encontra em casa com o cão, pedindo-lhe que lhe traga a carteira por se
haver esquecido dela. O inocente homem satisfaz-lhe o pedido e acaba morto pelo
animal! E como “só sabe do convento quem lá vai dentro”, depois de recolhida a carteira,
facilmente o ocorrido será atribuído à raça do cão ou aos possíveis maus-tratos
que o dono lhe houvesse dado. Infelizmente acontecem crimes assim por todo o
lado, onde os cães pagam as favas e os seus autores são inocentados.
Cão-drone é também aquele
que é deixado deliberadamente num espaço público para causar dolo a terceiros,
uma forma de treino específico muito do agrado de donos fratricidas, cobardes e
sem escrúpulos, patologia que se transforma numa séria ameaça para os incautos
que se satisfazem a dar mimos aos cães que desconhecem. Todo o cuidado é pouco!
Sem comentários:
Enviar um comentário