quarta-feira, 23 de abril de 2014

FLAGRANTES DA VIDA REAL

Duas jovens, a quem a novidade de algumas leis veio mesmo a calhar, circulavam num espaço público descontraídas nos seus afectos e pouco ou nada importunadas com o espanto que causavam, moças de 25 anos, bem diferentes entre si, uma mais arranjada e feminina e a outra mais máscula e pouco cuidada, dir-se-ia pouco limpa, seca de carnes e de modos. Distraídas pelo fogo da paixão, deixaram o seu cão afastar-se trinta metros, um molosso alupinado, grande e pujante, negro e branco, notoriamente hostil e à procura de confrontos. Feliz nos seus intentos, rosnando majestoso, o bicho avançou para cima de dois cães à sua frente que se encontravam atrelados. Afortunadamente foi barrado por um transeunte. Momentos depois, resoluta, a jovem mais masculinizada jogou-o ao chão e deitou-se sobre ele, obrigando-o a permanecer deitado de lado, com o joelho dela por cima dele. Quando confrontada por ter o cão à solta e o tratar daquela maneira, ela respondeu: “o cão não é perigoso, só tem um ano de idade, ajo assim para o acalmar e a partir daqui já não falo mais com o senhor!” Depois de ter amochado o animal por alguns minutos, atrelou-o e dirigiu-se à sua companheira que se encontrava afastada, partindo dali as duas abraçadas, acalentadas por um voluptuoso beijo que trocaram. Não restam dúvidas: tal como acontece com as pessoas, há cães com pouca sorte!

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