Duas
jovens, a quem a novidade de algumas leis veio mesmo a calhar, circulavam num espaço
público descontraídas nos seus afectos e pouco ou nada importunadas com o
espanto que causavam, moças de 25 anos, bem diferentes entre si, uma mais
arranjada e feminina e a outra mais máscula e pouco cuidada, dir-se-ia pouco
limpa, seca de carnes e de modos. Distraídas pelo fogo da paixão, deixaram o
seu cão afastar-se trinta metros, um molosso alupinado, grande e pujante, negro
e branco, notoriamente hostil e à procura de confrontos. Feliz nos seus
intentos, rosnando majestoso, o bicho avançou para cima de dois cães à sua frente
que se encontravam atrelados. Afortunadamente foi barrado por um transeunte.
Momentos depois, resoluta, a jovem mais masculinizada jogou-o ao chão e
deitou-se sobre ele, obrigando-o a permanecer deitado de lado, com o joelho
dela por cima dele. Quando confrontada por ter o cão à solta e o tratar daquela
maneira, ela respondeu: “o cão não é perigoso, só tem um ano de idade, ajo
assim para o acalmar e a partir daqui já não falo mais com o senhor!” Depois de
ter amochado o animal por alguns minutos, atrelou-o e dirigiu-se à sua
companheira que se encontrava afastada, partindo dali as duas abraçadas, acalentadas
por um voluptuoso beijo que trocaram. Não restam dúvidas: tal como acontece com
as pessoas, há cães com pouca sorte!
quarta-feira, 23 de abril de 2014
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