quarta-feira, 30 de abril de 2014

ELES FIZERAM-NO!

Eles fizeram-no! A Câmara de Lisboa pôs finalmente à disposição dos munícipes proprietários caninos dois parques para o exercício e sociabilização dos seus animais, um em Benfica e outro no Jardim Romântico do Campo Grande, agora melhorado, mais asseado mas menos romântico por estreitaram e encurtaram a sua atracção principal: o lago. A abertura do espaço aconteceu em Novembro do ano passado, quando menos se esperava e quando os mais cépticos julgavam ser impossível. Dele constam uma passerelle própria para todos os cães, um túnel de execução binomial, três verticais de 50cm consecutivas, apertadas e em curva para a direita, uma mesa e meia dúzia de postes que tanto possibilitam o slalom dos cães como os dos binómios. A delimitação do espaço é apropriada e a sua área seria aceitável se não se encontrasse já hoje super-povoada. O piso peca por falta de drenagem mas sobra sombra para o bem-estar de donos e cães.
O que é de louvar, apesar de tardio e ser único, é o bebedouro para os cães, apropriadamente colocado fora do recinto, elaborado em inox e bem concebido, considerando a sua altura, desenho, dimensões e higiene. Faltam outros pelos jardins da Capital, como estranhamente faltam bebedouros para os viandantes e turistas nos muitos jardins que Lisboa tem para oferecer. Quem optar por se deslocar a pé de Lisboa para Cascais ao longo da marginal, desprezando o “passeio marítimo”, apesar dos muitos jardins que terá pela frente, vai sentir essa falta, porque os chafarizes não existem, estão desactivados, avariados ou simplesmente alguém lhes deu sumiço, pelo que se lamenta que a água salgada seja imprópria para beber.
No nosso modesto entender, que outros mais doutos terão outro parecer, nem que sejam doutores por andarem carregados de livros e executores por conta do partido, diante do número de cães existente na Capital, urge multiplicar os espaços a eles destinados, até porque o seu número é bem maior do que o número de ciclistas de fim-de-semana e dos tenistas nas horas vagas ou no final do dia, tanto isolados quanto somados. Seria de todo conveniente, agora que existe essa sensibilidade, que se procedesse à construção de um parque canino igual na primeira metade do Jardim do Campo Grande, aquela que vai da rotunda do Monumento à Guerra Peninsular até à transversal que dá acesso à Avenida do Brasil, a mesma que comporta as desprezadas piscinas municipais, porque muitos dos munícipes que têm cães são idosos e há muito que deixaram de ser “papa-léguas”, ainda que gostassem de continuar a sê-lo, porque assim melhor se distrairiam do assalto às suas pensões.
E porque não levar a cabo iguais espaços em Monsanto, uma vez que cães e espaços verdes combinam plenamente? Será que os senhores autarcas que sobre nós governam ignoram que os cães precisam de pistas de manutenção e que a cinoterapia é importante para a saúde e bem-estar das pessoas? Em Monsanto os incómodos seriam menores, os parques poderiam ser maiores e melhor equipados, não havendo lugar a choque ambiental e a corte de árvores, reduzindo-se em simultâneo o risco de incêndios. Quer os senhores autarcas se lembrem disso ou não, quiçá não têm conhecimento, grande é número de pessoas com cães que ali se desloca diariamente, em rota de colisão com apaixonados, piqueniqueiros, cavalos, pedestres e ciclistas, numa molhada vândala que à cautela põe todos à espreita!
Não queremos usar frases gastas ou pensamentos por demais utilizados, como aquele atribuído a Ghandi que diz conhecer-se a grandeza de uma nação pelo modo como trata os seus animais, porque se tornaram por demais conhecidos e banalizados, mas agrada-nos de sobremaneira que a Câmara de Lisboa se tenha lembrado dos cães dos seus munícipes ao ponto de mandar construir-lhes dois parques, infra-estruras que nunca vimos nos países muçulmanos que visitámos e que por ali causariam certamente alguma estranheza. Sempre nos batemos pela existência desses espaços e vamos continuar a fazê-lo até que todos tenham acesso a um recinto público para os seus cães, porque é injusto, irrisório e abusivo cobrar licenças sem ter nada para dar em troca. De qualquer modo, pese embora a delonga, a Câmara de Lisboa está de parabéns e espera-se que as câmaras de outras cidades do País sigam o seu exemplo.

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