quarta-feira, 10 de abril de 2013

RECEIO FAZER UMA NINHADA, TEMO QUE ELA FIQUE MAIS AGRESSIVA!

O medo e euforia são sentimentos que depressa avassalam as gentes. A euforia tem curta duração e o medo tende a perpetuar-se. E nisto, homens e cães não diferem muito, ambos temem o castigo e aprendem com as experiências negativas. No entanto, os homens esquecem-se mais depressa do bem que lhes é feito pelo mal que sofrem, enquanto nos cães parece acontecer exactamente o contrário. Talvez por isso, por causa da gratidão, os lobos familiares sejam mais fiáveis, merecedores de maior confiança. Como todos tememos e provocamos medo, rotula-se de alienado todo aquele que o não tem, muito embora a sua presença se revele de várias formas nos indivíduos, já que pode levar os fracos ao pânico e os fortes à cautela. O mesmo sucede nos cães.
Nas sociedades democráticas, governadas por outro peso que não o medo, são os meios de informação que dão o aviso, lançam o alerta e que por vezes semeiam o pânico. Com a chegada da Internet e do grosso da sua informação, muitos temores entram pelas nossa casas adentro e levam a sociedade a várias tomadas de posição. Exemplo disso, entre tantos, foi o que se convencionou chamar de “Primavera Árabe”. Consultar artigos da Internet sem inquirir das suas fontes é uma tolice bárbara, é tomar por certo o errado e daí colher as consequências. Uma senhora idónea, esclarecida e acautelada,  proprietária duma cadela que não deseja ver castrada, resiste em tirar uma ninhada dela, porque muitos lhe dizem que o animal, após a gestação, o aleitamento e a criação dos cachorros, por força do instinto maternal ou do exercício da maternidade, irá ficar mais agressivo, agravo que a dona teme e não deseja.
Justifica-se a preocupação desta nossa leitora perante a cinofobia que por aí vai, alimentada em simultâneo por quem a sofre e por quem ganha com ela, porque há sempre quem lucre com as guerras, tanto na logística como no mercado negro, porque não é raro o empobrecimento de muitos levar ao enriquecimento de uns tantos.
 
 
Considerados os ataques caninos perpetrados na Europa, os inusitados e tornados públicos, raríssimos foram aqueles levados a cabo pelas fêmeas. E quando aconteceram, aconteceram mais pelo instinto à defesa do que ao da luta, o que a ninguém espanta, já que as cadelas não apresentam por norma indícios desse impulso herdado, que é típico e está presente nos machos. Nos dois casos conhecidos, acontecidos na estranja, eles sucederam como resposta a uma invasão de propriedade. As notícias que vêm a lume em Portugal, por ausência de rigor e de know-how, o que obstaria ao sensacionalismo pretendido, não deverão ser consideradas até à conclusão dos respectivos inquéritos, pois já ouve um caso em que acusaram uma matilha de cães de ter morto uma criança e depois se vir a descobrir que ela  havia sido colocada já morta no meio deles. Atendendo ao escalonamento das matilhas caninas, capitaneadas por um macho, é possível que as cadelas avisem ou ataquem primeiro segundo a hierarquia que sustenta o grupo, já que naturalmente são elas a dar o mote (sinal), vindo depois os machos em sem auxílio “com tudo a que têm direito”. As cadelas não saiem prá rua a distribuir dentadas, mas podem defender-se e defender os seus donos quando provocadas ou se sentirem ameaçadas. E mesmo nestes casos, irão necessitar de treino específico, que nem sempre é bem sucedido, muito embora existam raças  e indivíduos mais propensos para tal.
Cientes disto e por apego aos cães, entendemos que a dita senhora deverá fazer uma ninhada com a sua cadela, porque daí não virá grande mal ao mundo. Apadrinhamos a ideia porque entendemos que a maturidade emocional das fêmeas se completa com o exercício da maternidade. Por outro lado, estamos fartos, fartíssimos de ver cadelas taradas por ausência da maternidade, todo um conjunto de máculas que potencia o ciúme e pode chegar até à curiosa pseudociese (gravidez psicológica), fenómeno carente de tratamento e geralmente pouco considerado. E se outras razões não nos sobrassem, bastará dizer que o exercício da maternidade muito tem ajudado na recuperação das fêmeas mais submissas e inibidas, dotando-as da confiança necessária para o trabalho e para a inserção em matilhas que se desejam unidas num só propósito.

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