Sempre vamos ter que levar com os cães dos outros,
porque não existe qualquer entrave para quem desejar adquirir um, o que muito
se lamenta por via dos disparates que por aí vão! Sempre à mesma hora e mal a
alvorada desponta, determinado cidadão, a quem não inquirimos o nome, sai à rua
com as suas duas rafeiras, uma dourada a acusar o peso dos anos e uma preta
jovem. Ambas deambulam à solta por ondem passam, longe do controlo do dono e
ávidas de estabelecer confusão, a velha morde em tudo o que se aproxima, apesar
do mau estado dos seus dentes, e a nova embrulha-se na brincadeira com qualquer
cão que encontre. Uma vez estabelecida a confusão, que se repete todos os dias,
tanto úteis quanto feriados, a gritaria repete-se: “Preta…Preta…Preta!”, e toda
a vizinhança se vê assim obrigada a pôr o pé fora da cama! E como se o incómodo
não bastasse, o homem ainda maltrata quem se queixa das investidas das suas
pupilas. Perante a insanidade do dono, a necessitar de identificação e
tratamento, não se augura uma vida longa para os animais, assim como não se
garante que a integridade física do homem saia sempre incólume, pois há quem
diga que isso já peca por ser tarde. Valha-nos este País de brandos costumes,
onde os sãos se calam e os insanos gritam à vontade.
sexta-feira, 29 de março de 2013
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