sábado, 2 de março de 2013

ADOPÇÃO E BEM-ESTAR

Por vezes (vezes a mais), os cães adoptados parecem batatas quentes a saltar de mão em mão, porque uns querem livrar-se deles, outros dão-lhes pouca atenção e alguns acabarão por despachá-los, remetendo-os à procedência ou à perpetuação da sua desgraça, apesar dos papéis assinados e das juras circunstanciais de continuada dedicação. Adopção e bem-estar parecem continuar desligados, já que grande número dos cães adoptados será confinado à revelia, arredado do exercício físico, condenado a dietas baratas e a cuidados de saúde precários.
O mercado dos cães abandonados, dominado por uma clientela que não quer gastar dinheiro, acaba por manter as rações de baixa qualidade e a sua venda fraccionada, por sustentar pequenos comerciantes e o comércio de acessórios baratos. Assim, se dissermos que tal cão precisa de ir à rua, prontamente nos responderão que ele já teve rua a mais; se dissermos que está magro, logo nos dirão que está melhor do que quando veio; se dissermos que precisa de uma dieta mais equilibrada, dir-nos-ão que ele está bem assim, porque o seu dono também se aguenta; se dissermos que ele precisa de ir ao veterinário, alguém nos dirá que também precisa de dentista e que não tem dinheiro para lá ir!
Adoptar um cão implica em garantir o seu bem-estar e todos devemos ficar cientes disso, implica em encargos e exige disponibilidade, porque no que concerne aos cuidados, não existe qualquer diferença entre os cães com pedigree e os outros, todos necessitam do mesmo e nenhum deles dispensa o cuidado que lhes é devido. Essa idéia que diz que os rafeiros aguentam tudo é falsa e cai como uma luva a quem pouco se importa com eles! Adopção e bem-estar não podem ser dissociados.

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