As
boas escolas caninas têm múltiplos propósitos e prestam valiosos serviços à
sociedade, alguns deles distantes do comum e rotineiro adestramento, como é o
caso da terapia que estendem aos cinófobos. Há mais gente com medo de cães do
que se imagina, não sendo por isso de estranhar que atinja também alguns donos
que connosco trabalham. Indivíduos assim, mais cedo do que julgam e apesar dos
seus cuidados, poderão inesperadamente vir a ser atacados por um cão ao
constituir-se em presas, ainda que involuntariamente.
A
superação da cinofobia requer tempo (muito), apego aos procedimentos e treino,
tanto escolar como doméstico, para além de aulas teóricas e práticas que venham
a possibilitar a substituição deste medo por atitudes insuspeitas aos olhos dos
cães. A maior dificuldade que enfrentaremos nesta terapia será a de levar os
indivíduos afectados a praticar os nossos conselhos, já que o medo de muitos,
parecendo injustificado, é indubitavelmente instintivo, o que dificulta de
sobremaneira o seu autocontrolo.
Dizer
a um cinófobo que mantenha a calma e não fuja diante dos cães alheios, que não
os olhe directamente nos olhos, que não se curve quando avançam para ele e siga
o seu caminho com os braços o mais descontraído possível, mesmo quando algum
lhe cheira uma das mãos é fácil, difícil é que nos dê ouvidos, particularmente quando
receia os animais e liberta desordenadamente hormonas de stresse. Convém dizer
que o medo do cinófobo aumenta a suspeição canina e que nalguns casos ele poderá
acabar por ser mordido.
Para
que isso não aconteça, as escolas deverão ter cães de obediência inquestionável
à disposição de quem precisa, animais cujo trabalho consistirá em transmitir
confiança a quem a nunca a teve, para que inicie assim a dura luta contra a
cinofobia. O combate contra este medo irá ser longo e faseado, porque importa
que seja totalmente eliminado. Os indivíduos concorrentes a esta terapia
acabarão por conduzir todo e qualquer cão, aprenderão a liderar diferentes
animais e aprenderão técnicas de defesa caso venham a ser atacados, manobras
que exigem segurança e uma leitura rápida das situações.
Ao
debruçar-me sobre este assunto, lembrei-me imediatamente de um aluno de quem
desconheço o paradeiro actual, do Vasco, um jovem que temia todos os cães quando
o recebemos e que acabou sendo um excelente duplo numa série televisiva que
metia um cão-polícia, substituindo os actores quando o cão “enchia a boca”. Não
foi caso único e jamais será, porque continuados a valer aos cinófobos que nos
procurarem, conscientes de ser capazes de levar o seu medo de vencida – nós viemos
para servir!
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