sexta-feira, 28 de agosto de 2020

TREINAR CÃES PARA VALER AOS CINÓFOBOS

As boas escolas caninas têm múltiplos propósitos e prestam valiosos serviços à sociedade, alguns deles distantes do comum e rotineiro adestramento, como é o caso da terapia que estendem aos cinófobos. Há mais gente com medo de cães do que se imagina, não sendo por isso de estranhar que atinja também alguns donos que connosco trabalham. Indivíduos assim, mais cedo do que julgam e apesar dos seus cuidados, poderão inesperadamente vir a ser atacados por um cão ao constituir-se em presas, ainda que involuntariamente.
A superação da cinofobia requer tempo (muito), apego aos procedimentos e treino, tanto escolar como doméstico, para além de aulas teóricas e práticas que venham a possibilitar a substituição deste medo por atitudes insuspeitas aos olhos dos cães. A maior dificuldade que enfrentaremos nesta terapia será a de levar os indivíduos afectados a praticar os nossos conselhos, já que o medo de muitos, parecendo injustificado, é indubitavelmente instintivo, o que dificulta de sobremaneira o seu autocontrolo.
Dizer a um cinófobo que mantenha a calma e não fuja diante dos cães alheios, que não os olhe directamente nos olhos, que não se curve quando avançam para ele e siga o seu caminho com os braços o mais descontraído possível, mesmo quando algum lhe cheira uma das mãos é fácil, difícil é que nos dê ouvidos, particularmente quando receia os animais e liberta desordenadamente hormonas de stresse. Convém dizer que o medo do cinófobo aumenta a suspeição canina e que nalguns casos ele poderá acabar por ser mordido.
Para que isso não aconteça, as escolas deverão ter cães de obediência inquestionável à disposição de quem precisa, animais cujo trabalho consistirá em transmitir confiança a quem a nunca a teve, para que inicie assim a dura luta contra a cinofobia. O combate contra este medo irá ser longo e faseado, porque importa que seja totalmente eliminado. Os indivíduos concorrentes a esta terapia acabarão por conduzir todo e qualquer cão, aprenderão a liderar diferentes animais e aprenderão técnicas de defesa caso venham a ser atacados, manobras que exigem segurança e uma leitura rápida das situações.
Ao debruçar-me sobre este assunto, lembrei-me imediatamente de um aluno de quem desconheço o paradeiro actual, do Vasco, um jovem que temia todos os cães quando o recebemos e que acabou sendo um excelente duplo numa série televisiva que metia um cão-polícia, substituindo os actores quando o cão “enchia a boca”. Não foi caso único e jamais será, porque continuados a valer aos cinófobos que nos procurarem, conscientes de ser capazes de levar o seu medo de vencida – nós viemos para servir!

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