Não
lamento dizer isto porque não estou a fazer nenhum juízo temerário – os ataques
caninos andam de mãos dadas com a ignorância, a miséria e a exclusão social,
quer estas formas de afastamento sejam impostas ou voluntárias. Todos sabemos
que os pobres têm mais cães do que os ricos e que estes quando os têm
querem-nos mais para ostentação do que para outra coisa qualquer, normalmente
como símbolo de status e poder. Com tanto para guardar e defender, preferem
pagar a quem o faça, ao invés de se incomodarem a guerrear com quem não lhes
interessa ou não lhes diz nada. Acabam por ser os que têm pouco de seu que “precisam”
de ferozes cães de guarda, mais para intimidar os seus iguais, sentir poder e
mostrar hostilidade, massificando alguns desta forma patologias várias que
teimam em largá-los. Raramente acontece um ataque canino fora de uma cidade-dormitório,
dum bairro degradado, de gangues, de lares mal estruturados, de desempregados
de longa duração e entre os que se encontram na base da pirâmide social, inclusive os indigentes, pelo que
os ataques caninos são reflexo de maiores e mais graves problemas sociais.
Parece que Stevenage, cidade inglesa do Condado
de Hertfordshire, ao norte de Londres, que pertence à sua área metropolitana, berço
do seis vezes Campeão Mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton, é hoje um dos
locais, dizem, onde é melhor circular de olhos no chão para evitar o contacto
visual nada encorajador, um lugar cinzento, deprimente, feio e negativo, de
quem as autoridades já desistiram, onde os pacatos cidadãos são obsequiados com
vitupérios e ameaçados quando não dão dinheiro ou cigarros a quem lhes pede.
Ontem, pelas 12h33, aconteceu ali um ataque canino sobre uma senhora e duas
crianças, precisamente em Newcastle Close, Great Ashby. As três vítimas
sofreram lesões graves e foram imediatamente encaminhadas para o hospital. A senhora
de 25 anos irá precisar de um enxerto de pele para a testa e um dos meninos
sofreu uma fractura craniana. Os cães agressores foram dois Rottweilers que
acabaram apreendidos pela polícia (por onde andaria o dono estuporado dos
pobres animais?). Em sítios destes não há cuidado que baste, o melhor é
dizer-lhes adeus para sempre.
PS: não podíamos estar
mais de acordo com o lema desta cidade - assenta-lhe quem nem uma luva!
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