quinta-feira, 5 de setembro de 2013

DESEJOS ANTIGOS, VELHAS IDEIAS E PRÁTICAS DO PRESENTE

Nenhum animal foi tão manipulado e alterado como o cão, nele se aplicaram e aplicam todos os conceitos ideológicos, políticas sociais e experimentos, enquanto animal dependente e cobaia dos homens, “evoluindo” de acordo com os rudimentos científicos presentes nos diferentes momentos da caminhada comum, ainda que os seus proprietários isto ignorem ou disto se aproveitem pelos desejos que teimam em ver cumpridos. O cão tem sido pau para toda a colher e muitos continuam a meter a sua colherada, segundo desacertos que engordam as suas aspirações e massificam desejos tão antigos quanto a génese da nossa espécie.
E se outro registo não houvesse para provar o que acabámos de dizer, que o há e está lavrado na morfologia e nas aptidões dos cães actuais, bastar-nos-ia ler com mais atenção os sucessivos manuais de ensino e pressupostos selectivos usados nestes últimos cem anos, marcados pelo darwinismo, pela eugenia e por políticas bem próximas ao Lebensborn, princípios hoje quase desprezados mas ainda em uso na canicultura, denunciados por termos e conceitos doutros tempos. Porque nos dedicámos à criação de “cães puros” e criámos novas raças? Donde virá o termo “beneficiamento” e que política seguimos nos acasalamentos? O que obstará a transição desses conceitos dos cães para as pessoas? Certamente não serão a consciência global, a fraternidade, a religião, a moral ou a ética dos seus adeptos, tampouco as lições da história moderna, mas sim a impossibilidade temporária de alcançarem o poder. Parece que temos andado a brincar com coisas muito sérias há demasiado tempo e sem darmos conta. Cuidado com as diferentes pedagogias de ensino, porque a lei dos cães perigosos está aí e os cães agradecem o seu bom-nome.

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