terça-feira, 10 de setembro de 2013

A MENINA DO CÃO VERMELHO VAI PARA MEDICINA

Talvez naqueles pequenos flashes que antecedem a nossa partida deste mundo, nos lembremos como agora de uma menina franzina, morena, alegre, extrovertida, resoluta e responsável, ladeada por um Pastor Alemão Vermelho, valente e muito atento, numa harmonia que todos desejam e poucos alcançam. Assim andou a Joana entre nós, primeiro com a Xita e depois com o Flick. Veio muito nova para a Acendura (perto dos 10 anos de idade) e desde cedo mostrou potencial e garra, levando-nos a admirá-la e a apostar nela. Não nos defraudou. Connosco aprendeu a controlar as suas emoções e ir adiante, a adquirir a serenidade necessária ao bom desempenho, a fazer parte de um todo que sempre a estimou e que invariavelmente lhe pedia mais. Cumpriu com distinção.
Passámos com ela horas infindas numa relação quase paternal, aguentámos as suas tagarelices e os seus desalentos, o amadurecer dos seus anos e assistimos ao alcance das suas vitórias. Aqui recebeu o nome de “Jauna” e muitas vezes serviu de exemplo para miúdos e graúdos. Participou com os seus cães em várias exibições da Escola, acampou connosco e acompanhou-nos em muitas actividades no exterior. Esperamos ter contribuído para que tenha passado uma adolescência bem vivida e descontraída, pois esse era um dos nossos objectivos. Mas para mim, enquanto adestrador e condutor de homens, porque os cães não aprendem sozinhos, fica o seu exemplo de coragem, ocorrido na Serra do Socorro, quando num ataque simulado e perante o ensurdecimento do Flick, não hesitou em deitar-se sobre o figurante, protegendo-o com o seu corpo e livrando-o de qualquer dolo (deveria ter na altura 13 ou 14 anos).
O tempo passa e o futuro é dos novos, a menina do cão vermelho cresceu e entrou para Medicina. Estamos em crer que virá a ser uma excelente médica e uma profissional digna de mérito, porque a conhecemos há algum tempo e assistimos ao seu desabrochar. O progresso académico da Joana Moura não pode ser dissociado do alento e ajuda do pai, homem que em todos os momentos a acompanhou e incentivou. A Joana tem tudo para dar certo! Resta-nos agradecer à “Jauna” o muito que nos deu, a alegria e a irreverência que nos trouxe, o incómodo que nos doou vida e o sucesso que alcançou. Se Deus ouve os seus, a Joana jamais andará só, sairá vitoriosa e venceremos com ela. Já não temos conselhos a dar-lhe, somente dois comandos: “De pé e em frente”.

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