Talvez naqueles pequenos flashes que antecedem a
nossa partida deste mundo, nos lembremos como agora de uma menina franzina,
morena, alegre, extrovertida, resoluta e responsável, ladeada por um Pastor
Alemão Vermelho, valente e muito atento, numa harmonia que todos desejam e
poucos alcançam. Assim andou a Joana entre nós, primeiro com a Xita e depois
com o Flick. Veio muito nova para a Acendura (perto dos 10 anos de idade) e
desde cedo mostrou potencial e garra, levando-nos a admirá-la e a apostar nela.
Não nos defraudou. Connosco aprendeu a controlar as suas emoções e ir adiante,
a adquirir a serenidade necessária ao bom desempenho, a fazer parte de um todo
que sempre a estimou e que invariavelmente lhe pedia mais. Cumpriu com
distinção.
Passámos
com ela horas infindas numa relação quase paternal, aguentámos as suas tagarelices
e os seus desalentos, o amadurecer dos seus anos e assistimos ao alcance das
suas vitórias. Aqui recebeu o nome de “Jauna” e muitas vezes serviu de exemplo
para miúdos e graúdos. Participou com os seus cães em várias exibições da
Escola, acampou connosco e acompanhou-nos em muitas actividades no exterior.
Esperamos ter contribuído para que tenha passado uma adolescência bem vivida e
descontraída, pois esse era um dos nossos objectivos. Mas para mim, enquanto
adestrador e condutor de homens, porque os cães não aprendem sozinhos, fica o
seu exemplo de coragem, ocorrido na Serra do Socorro, quando num ataque
simulado e perante o ensurdecimento do Flick, não hesitou em deitar-se sobre o
figurante, protegendo-o com o seu corpo e livrando-o de qualquer dolo (deveria
ter na altura 13 ou 14 anos).
O tempo
passa e o futuro é dos novos, a menina do cão vermelho cresceu e entrou para
Medicina. Estamos em crer que virá a ser uma excelente médica e uma
profissional digna de mérito, porque a conhecemos há algum tempo e assistimos
ao seu desabrochar. O progresso académico da Joana Moura não pode ser
dissociado do alento e ajuda do pai, homem que em todos os momentos a
acompanhou e incentivou. A Joana tem tudo para dar certo! Resta-nos agradecer à
“Jauna” o muito que nos deu, a alegria e a irreverência que nos trouxe, o
incómodo que nos doou vida e o sucesso que alcançou. Se Deus ouve os seus, a
Joana jamais andará só, sairá vitoriosa e venceremos com ela. Já não temos
conselhos a dar-lhe, somente dois comandos: “De pé e em frente”.
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