A foto acima tem perto de 70 anos e os dois
retratados são fáceis de identificar. Em primeiro plano temos Adolf Hitler, o
fuhrer e visionário do III Reich, sentado numa cadeira de campo e a seu lado,
também sentado, um Pastor Alemão. Do homem de Braunau am Inn importa-nos que a
terra lhe seja pesada, que não ressuscite como foi ou encarne noutro igual,
apesar de ser curiosa a posição das suas mãos, provavelmente atormentadas por
tremeliques, a menos que o homem estivesse a dizer algo parecido com “Ò Abreu
dá cá o meu” ou a sofrer de androginia. Mais nos importa o cão e em particular
a sua variedade cromática, que é parcialmente afogueada e notoriamente
descendente de cães negros unicolores. Tempos houve em que exemplares destes
eram também registados como negros.
O III Reich já passou à história, acabou num bunker em Berlim, finou-se, o que não significa que todos os
seus males partiram com ele, pois há ainda quem sofra por sua causa e não consiga
esquecer os seus horrores. Afortunadamente o Cão de Pastor Alemão
sobreviveu-lhe e continua entre nós tal como foi, apesar de quase extinto pelos
predicados estéticos, gostos de ocasião e sucessivas modas em que se viu
enleado, que lhe proibiram o trabalho para o qual havia sido criado. Pouca
gente sabe que os cães negros foram uns dos primeiros padreadores da raça e a
foto isso comprova. A paixão pelos Pastores Alemães negros creditou a Acendura,
fê-la crescer e recriar a magnanimidade dos pastores doutrora, tanto física
como cognitivamente, enquanto outros desprezavam a variedade por ser recessiva.
Quem já teve um Pastor Alemão negro e pôde apreciar todo o seu manancial,
dificilmente optará por outra variedade de Pastor Alemão, porque sabe que os
negros são únicos e próximos de uma relação telepática com os donos.
Diz-se
que há males que vêm por bem, assim foi o caso da foto introdutora, porque
através dela pretendemos homenagear o cão da nossa eleição e incentivar outros
à sua perpetuação, para que ontem como hoje, o Cão de Pastor Alemão seja
procurado, respeitado e admirado, enquanto auxiliar de renome e companheiro
sempre fiel. Essa tem sido a nossa experiência e nunca fomos desapontados.
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