Todos os homens são predadores (uns mais do que outros), ainda que esse acto animal possa ser descrito por outros conceitos, aceite como desporto e transformado em reconhecidas virtudes. O cão foi recrutado desde tempos imemoriais para aumentar a predação e para defesa dos seus donos contra a acção doutros predadores, quer eles fossem homens ou feras e assim tem sobrevivido até aos nossos dias. O controlo da predação humana obrigou e continua a obrigar à elaboração de leis, que outra coisa não são do que códigos de conduta para evitar a sua impropriedade, proliferação e excesso. O assassinato, a usurpação, o roubo, a cobiça e a inveja são manifestações instintivas, primitivas e próprias de um predador, de um animal social que não olha meios, que é competitivo, dominado pelo poder e tendencialmente pouco fraterno. Sempre andaremos por cá “a braços” com o predador que há em cada um de nós.
Agora raramente se vê algum, a Lei não o permite e todas as cautelas são poucas, porque a multa é elevada e a Guarda sempre espreita. Estamos a falar do “passarinheiro”, aquele que “armava aos pássaros” e que se dedicava à sua captura, que se munia de visco, redes ou iscos e que tirava partido das águas dos regatos, onde à tarde as aves iam beber. Este predador valia-se da fome e sede dos animais para alcançar os seus intentos, não respeitando os momentos de nidificação e tirando partido deles, porque o aumento da sua prole levava os pássaros a uma maior procura de alimento, o calor tornava-os sedentos pela água e os recém-nascidos eram mais fáceis de apanhar. Antes da captura acontecia o estudo e o namoro, acções que indicariam qual o melhor local para a armadilha. Uma vez encontrado o sítio certo, que só o seria pela frequência dos passarinhos, pela garantia da sua camuflagem e pelo êxito das acções, o passarinheiro aguardava silencioso e imóvel, como se ali não estivesse, para não desaproveitar o material e não desperdiçar os engodos. Impelidos pela sede e pela fome, as aves rumavam ao cativeiro e viriam mais tarde a ser vendidas numa feira. Do mesmo modo procederam os homens com os cães quando intentaram domesticá-los, matando e engodando os adultos e raptando as suas crias. Afinal esta técnica ancestral tem permanecido inalterável até hoje e o ensino à base de engodos é prova disso, porque o cão não mudou e o homem não quer ver defraudados os seus intentos. Bem sabemos que os propósitos são outros!
À imagem do apanhador de pássaros, superabundam por aí “passarinheiros de cães”, plebe que os namora e engoda à revelia dos donos. Ainda que a sua maioria seja bem intencionada, está a criar, sem querer, uma ocasião óptima para os envenenadores e gente de intenções duvidosas, porque o cão apropria-se do hábito e não adivinha os propósitos de quem o apaparica. Grande número de residências assaltadas com os cães lá dentro foi-o pelo recurso ao engodo, particularmente perante a mudez dos bichos e diante da sua salvaguarda. A técnica utilizada é simples. Depois de escolher e estudar a casa, o larápio ou larápios vão engodando sistematicamente o cão até vencerem a sua resistência inicial, tirando partido da ausência dos donos, do pouco movimento ao seu redor e quando o petisco se torna mais apetecível (ao romper da aurora, noite adentro e quando as temperaturas são mais baixas), possibilitando assim o assalto a qualquer hora do dia. O controlo das entradas e saídas da família indicar-lhes-á quando acontece a distribuição do penso ao animal, adiantando-lhes em simultâneo qual a melhor hora para a aceitação do “petisco”. Ainda que no primeiro dia a comida possa ser jogada para o chão, breve o cão esperará pelo “passarinheiro” e pouco tempo depois aceitará as suas carícias e reparos, gemendo pela sua presença e ávido da recompensa. Naturalmente os cães mal acostumados e os glutões facilitam-lhe o trabalho. A pretexto da distribuição de publicidade, muitos meliantes controlam assim o movimento doméstico. Tomado pela urgência e diante de percalço, o ladrão não hesitará em envenenar o guardião. Facilmente se compreende da urgência relativa ao treino da recusa de engodos.
Agora raramente se vê algum, a Lei não o permite e todas as cautelas são poucas, porque a multa é elevada e a Guarda sempre espreita. Estamos a falar do “passarinheiro”, aquele que “armava aos pássaros” e que se dedicava à sua captura, que se munia de visco, redes ou iscos e que tirava partido das águas dos regatos, onde à tarde as aves iam beber. Este predador valia-se da fome e sede dos animais para alcançar os seus intentos, não respeitando os momentos de nidificação e tirando partido deles, porque o aumento da sua prole levava os pássaros a uma maior procura de alimento, o calor tornava-os sedentos pela água e os recém-nascidos eram mais fáceis de apanhar. Antes da captura acontecia o estudo e o namoro, acções que indicariam qual o melhor local para a armadilha. Uma vez encontrado o sítio certo, que só o seria pela frequência dos passarinhos, pela garantia da sua camuflagem e pelo êxito das acções, o passarinheiro aguardava silencioso e imóvel, como se ali não estivesse, para não desaproveitar o material e não desperdiçar os engodos. Impelidos pela sede e pela fome, as aves rumavam ao cativeiro e viriam mais tarde a ser vendidas numa feira. Do mesmo modo procederam os homens com os cães quando intentaram domesticá-los, matando e engodando os adultos e raptando as suas crias. Afinal esta técnica ancestral tem permanecido inalterável até hoje e o ensino à base de engodos é prova disso, porque o cão não mudou e o homem não quer ver defraudados os seus intentos. Bem sabemos que os propósitos são outros!
À imagem do apanhador de pássaros, superabundam por aí “passarinheiros de cães”, plebe que os namora e engoda à revelia dos donos. Ainda que a sua maioria seja bem intencionada, está a criar, sem querer, uma ocasião óptima para os envenenadores e gente de intenções duvidosas, porque o cão apropria-se do hábito e não adivinha os propósitos de quem o apaparica. Grande número de residências assaltadas com os cães lá dentro foi-o pelo recurso ao engodo, particularmente perante a mudez dos bichos e diante da sua salvaguarda. A técnica utilizada é simples. Depois de escolher e estudar a casa, o larápio ou larápios vão engodando sistematicamente o cão até vencerem a sua resistência inicial, tirando partido da ausência dos donos, do pouco movimento ao seu redor e quando o petisco se torna mais apetecível (ao romper da aurora, noite adentro e quando as temperaturas são mais baixas), possibilitando assim o assalto a qualquer hora do dia. O controlo das entradas e saídas da família indicar-lhes-á quando acontece a distribuição do penso ao animal, adiantando-lhes em simultâneo qual a melhor hora para a aceitação do “petisco”. Ainda que no primeiro dia a comida possa ser jogada para o chão, breve o cão esperará pelo “passarinheiro” e pouco tempo depois aceitará as suas carícias e reparos, gemendo pela sua presença e ávido da recompensa. Naturalmente os cães mal acostumados e os glutões facilitam-lhe o trabalho. A pretexto da distribuição de publicidade, muitos meliantes controlam assim o movimento doméstico. Tomado pela urgência e diante de percalço, o ladrão não hesitará em envenenar o guardião. Facilmente se compreende da urgência relativa ao treino da recusa de engodos.
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