domingo, 19 de outubro de 2014

A OLHAR PARA O BONECO SEM ADIVINHAR INTENÇÕES: KAPUTT!

Lembrámo-nos do termo alemão “Kaputt” por conta de um aluno teutónico que tivemos, o Sr. Egon Binger, que desejamos ainda vivo e com saúde, porque segundo se consta retornou à Alemanha e nada sabemos dele. Aparentemente austero mas muito divertido, tinha por hábito soltar o “kaputt” para os seus cães, quando eles falhavam determinado movimento ou figura e também quando lhe desobedeciam, sentença recorrente quando “o caldo ficava entornado”. O termo aplica-se sobre algo arruinado, destruído, estragado ou irremediavelmente perdido. Irremediavelmente perdidos estão também os cães que não se desacostumaram a correr atrás de bolas ou doutros brinquedos, que continuam a fixá-los e persistem em identificá-los como “targets”. E dizemos isto porquê?
Porque atrás de uma bola facilmente poderão ser ludibriados, enclausurados, roubados e até eliminados, para além de porem a sua integridade em risco quando, ávidos de uma bola ou brinquedo alheios, atravessam uma estrada para os apanharem. Bem sabemos que o método mais fácil para ensinar um cão é fazê-lo através de brinquedos, mas esse brincar deverá ter limites considerando a salvaguarda dos animais, já que o facilitismo dos donos não deverá implicar na eliminação dos cães.
A obtenção das respostas caninas não poderá resultar exclusivamente do benefício dos “targets” e deverá haver um momento em que deverão ser desleixados, porque são formas de suborno ao alcance de qualquer um, que impedem os cães de adivinhar as intenções de quem os cerca, gente nem sempre movida pelas melhores das intenções. O que dizemos para os brinquedos é também válido para aqueles cães que foram ensinados pelo empanturrar sistemático, porque facilmente concorrerão aos engodos e poderão vir a ser envenenados. E como existem outras formas de estimular e recompensar para além destas, meios ou métodos que também procuram o benefício da memória afectiva canina para o alcance da associativa, termos por norma usar os brinquedos com conta peso e medida ou quando não nos resta outra opção, substituindo-os imediatamente pela afeição aos donos, reforçada pelo trabalho comum e que é do agrado dos cães. Mais importante do que ter um campeão numa determinada modalidade desportiva que me dá gozo, é gozar da companhia do meu cão por mais tempo, alertando-o para os perigos que o cercam e ajudá-lo a adivinhar as intenções daqueles que o rodeiam. Doutro modo: Kaputt! 

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