Lembrámo-nos
do termo alemão “Kaputt” por conta de um aluno teutónico que tivemos, o Sr.
Egon Binger, que desejamos ainda vivo e com saúde, porque segundo se consta
retornou à Alemanha e nada sabemos dele. Aparentemente austero mas muito
divertido, tinha por hábito soltar o “kaputt” para os seus cães, quando eles
falhavam determinado movimento ou figura e também quando lhe desobedeciam,
sentença recorrente quando “o caldo ficava entornado”. O termo aplica-se sobre
algo arruinado, destruído, estragado ou irremediavelmente perdido.
Irremediavelmente perdidos estão também os cães que não se desacostumaram a
correr atrás de bolas ou doutros brinquedos, que continuam a fixá-los e
persistem em identificá-los como “targets”. E dizemos isto porquê?
Porque
atrás de uma bola facilmente poderão ser ludibriados, enclausurados, roubados e
até eliminados, para além de porem a sua integridade em risco quando, ávidos de
uma bola ou brinquedo alheios, atravessam uma estrada para os apanharem. Bem
sabemos que o método mais fácil para ensinar um cão é fazê-lo através de
brinquedos, mas esse brincar deverá ter limites considerando a salvaguarda dos
animais, já que o facilitismo dos donos não deverá implicar na eliminação dos
cães.
A obtenção das respostas caninas não poderá resultar exclusivamente do
benefício dos “targets” e deverá haver um momento em que deverão ser
desleixados, porque são formas de suborno ao alcance de qualquer um, que
impedem os cães de adivinhar as intenções de quem os cerca, gente nem sempre
movida pelas melhores das intenções. O que dizemos para os brinquedos é também
válido para aqueles cães que foram ensinados pelo empanturrar sistemático,
porque facilmente concorrerão aos engodos e poderão vir a ser envenenados. E
como existem outras formas de estimular e recompensar para além destas, meios
ou métodos que também procuram o benefício da memória afectiva canina para o
alcance da associativa, termos por norma usar os brinquedos com conta peso e
medida ou quando não nos resta outra opção, substituindo-os imediatamente pela
afeição aos donos, reforçada pelo trabalho comum e que é do agrado dos cães. Mais
importante do que ter um campeão numa determinada modalidade desportiva que me
dá gozo, é gozar da companhia do meu cão por mais tempo, alertando-o para os
perigos que o cercam e ajudá-lo a adivinhar as intenções daqueles que o
rodeiam. Doutro modo: Kaputt!
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