domingo, 19 de outubro de 2014

A DHARMA E A CURVATURA NATURAL DE SALTO

 Consciente da importância do exercício físico para o crescimento cognitivo, o dono da Dharma sempre procura a novidade de desafios, convidando-a para tarefas mais aeróbias do que anaeróbias, uma vez que ela é uma cachorra, ainda não teve o primeiro cio e importa proteger as suas articulações e esqueleto. E porque a experiência feliz é deveras importante para o progresso no adestramento, ele apenas convida a cadela para os exercícios ao seu alcance ou para aqueles onde ela se satisfaz. Vemo-los na foto acima a executar um “castelo” de aproximadamente 50cm de lado e 65cm de altura, pertencente a uma pista equestre que não nos é desconhecida. Há cães que parecem ter nascido ensinados e esse é o caso da Dharma, porque em liberdade e com um churro na boca, faz a chamada para o salto no sítio certo e mantém a cabeça na linha de transposição, apesar de o seu dono se encontrar amarrecado, efectuando um salto a 45º e com igual ângulo de saída, o que lhe garantiu um salto seguro e uma cómoda recepção ao solo. É curioso reparar na distância do dono em relação ao obstáculo, demasiado perto dele e dentro da área de saída do cadela, o que a obrigará a diminuir a extensão do salto ou a mordiscá-lo para que dali saia. Por outro lado, com a Dharma já em projecção, deveria ter corrido de imediato para a frente, para que a cadela distribuísse, o mais rápido possível, o seu peso corporal sobre a totalidade dos seus membros.
Nesta segunda foto, o dono corrigiu a sua postura e posição (parece que nos estava a ouvir) e ao fazê-lo serviu de estímulo à cadela. A força de garupa do animal é impressionante, a massa muscular das suas coxas sobressai e percebe-se claramente que o seu lado direito é o mais forte, já que optou por galopar para esse lado. Há que dar os parabéns ao Matos porque tem sabido aproveitar a carga genética e propensão atlética visíveis na sua companheira, uma pastora alemã vermelha que não hesita em mostrar os seus pergaminhos. Infelizmente nem todos os cães são assim e muitos irão necessitar de trabalho aturado à trela para aprenderem a marcar os saltos, porque ou saltam do “meio da rua” ou fazem a chamada atrasada, condições que os votam ao insucesso e põem em risco a sua integridade, aumentando-lhes assim a aversão e resistência aos obstáculos. A Dharma é das últimas descendentes da nossa linha de eleição dentro dos Pastores alemães: a Rhein-Möselring, linha que nos chegou pelo Canil da Ajuda – P, através de cães que a GNR não conservou e outrora foram muito procurados. Ao vermos esta cachorra a saltar, lembramo-nos doutra que esteve na sua origem: a Seixa da Ajuda, apesar das dez gerações que as separam. Temos cadela e o Matos melhor do que ninguém sabe disso.

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