Consciente da importância do exercício físico para o crescimento
cognitivo, o dono da Dharma sempre procura a novidade de desafios, convidando-a
para tarefas mais aeróbias do que anaeróbias, uma vez que ela é uma cachorra,
ainda não teve o primeiro cio e importa proteger as suas articulações e
esqueleto. E porque a experiência feliz é deveras importante para o progresso
no adestramento, ele apenas convida a cadela para os exercícios ao seu alcance
ou para aqueles onde ela se satisfaz. Vemo-los na foto acima a executar um “castelo”
de aproximadamente 50cm de lado e 65cm de altura, pertencente a uma pista
equestre que não nos é desconhecida. Há cães que parecem ter nascido ensinados
e esse é o caso da Dharma, porque em liberdade e com um churro na boca, faz a
chamada para o salto no sítio certo e mantém a cabeça na linha de transposição,
apesar de o seu dono se encontrar amarrecado, efectuando um salto a 45º e com
igual ângulo de saída, o que lhe garantiu um salto seguro e uma cómoda recepção
ao solo. É curioso reparar na distância do dono em relação ao obstáculo,
demasiado perto dele e dentro da área de saída do cadela, o que a obrigará a
diminuir a extensão do salto ou a mordiscá-lo para que dali saia. Por outro
lado, com a Dharma já em projecção, deveria ter corrido de imediato para a
frente, para que a cadela distribuísse, o mais rápido possível, o seu peso
corporal sobre a totalidade dos seus membros.
Nesta segunda foto, o dono corrigiu a sua postura e posição (parece que nos
estava a ouvir) e ao fazê-lo serviu de estímulo à cadela. A força de garupa do
animal é impressionante, a massa muscular das suas coxas sobressai e percebe-se
claramente que o seu lado direito é o mais forte, já que optou por galopar para
esse lado. Há que dar os parabéns ao Matos porque tem sabido aproveitar a carga
genética e propensão atlética visíveis na sua companheira, uma pastora alemã
vermelha que não hesita em mostrar os seus pergaminhos. Infelizmente nem todos
os cães são assim e muitos irão necessitar de trabalho aturado à trela para
aprenderem a marcar os saltos, porque ou saltam do “meio da rua” ou fazem a
chamada atrasada, condições que os votam ao insucesso e põem em risco a sua
integridade, aumentando-lhes assim a aversão e resistência aos obstáculos. A
Dharma é das últimas descendentes da nossa linha de eleição dentro dos Pastores
alemães: a Rhein-Möselring, linha que nos chegou pelo Canil da Ajuda – P,
através de cães que a GNR não conservou e outrora foram muito procurados. Ao
vermos esta cachorra a saltar, lembramo-nos doutra que esteve na sua origem: a
Seixa da Ajuda, apesar das dez gerações que as separam. Temos cadela e o Matos
melhor do que ninguém sabe disso.
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