segunda-feira, 3 de março de 2014

O CÃO IDEAL PARA CRIANÇAS ATÉ AOS 3 ANOS DE IDADE

Nos primeiros meses de vida do bebé, quando ele permanece no berço a maior parte do dia, é amamentado e logo dorme, qualquer cão serve para lhe fazer companhia, desde que seja silencioso, avesso a euforias e nada dado a ciúmes, o que é difícil de encontrar, muito embora a melhor parceria aconteça quando o cão é anterior ao bebé, porque depressa o guardará como pertença dos donos. Mas depois que o bebé vai para o parque, é transportado no carrinho, gatinha, começa a andar, a tocar, a mexer e faz da brincadeira a sua principal actividade, a maioria dos cães não é aconselhável, tanto por razões sanitárias como pelas ligadas ao bem-estar e crescimento da criança (físico, psicológico e cognitivo).
Na verdade não existe nenhuma raça de cães para o efeito e todas podem fornecer indivíduos que melhor se adeqúem à tarefa, o que realça a importância do indivíduo em relação à raça ou grupo somático a que pertence. Para que a escolha seja bem feita há que considerar os principais impulsos herdados presentes nos cães (ao alimento, ao movimento, à defesa, à luta, ao poder e ao conhecimento) e identificar em cada cachorro o seu grau de submissão ou dominância. Não convém escolher um que seja muito comilão, porque a breve trecho sacará a comida das mãos da criança. Também deverão ser desprezados os cachorros muito aguerridos, porque são menos pacientes e irritam-se com facilidade. Os extraordinariamente activos também deverão ser postos de lado, porque poderão desestabilizar o bebé, fazê-lo tropeçar e cair, atentando assim contra a sua integridade, desenvolvimento e auto-confiança. Os cachorros que na ninhada fogem de nós e se escondem, também deverão ser desconsiderados, porque perante as arremetidas do bebé poderão entrar em pânico e morder-lhe. Muito menos nos convirá aquele cachorro que domina sobre os demais! Interessa-nos escolher um cão submisso, daqueles que vêm ao nosso chamamento e nos lambem as mãos, vindo posteriormente à procura da nossa companhia, meigos e ávidos de afectos.
Ao mesmo tempo, interessa-nos um cão curioso, porque tendo essa qualidade vai ser fácil ensiná-lo a melhor acompanhar o bebé. Os cães que não mudam o pelo não devem ser escolhidos, mesmo que tenham todas as qualidades requeridas, porque alojam no manto toda a sujidade e são campo fértil para vários tipos de ácaros, tampouco os de pelo duplo, porque largam pelo em demasia e muito menos os de pelo curto e áspero, cujos cabelos se espetam nas carpetes e sofás, por mais escovados que sejam. Os cães de pelo comprido devem também ser rejeitados, porque embaraçam toda a sujidade e por vezes os seus dejectos ficam agarrados ao pelo. Em termos de pelagem o ideal é que seja curta e macia, clara de preferência e difícil de se soltar.
Sempre correremos menos riscos se escolhermos uma fêmea ao invés de um macho, considerando que o lobo familiar (cão) assenta sobre uma estrutura social patriarcal, o que torna os machos mais excursionistas, menos presentes e carentes de maior disciplina. A escolha da fêmea deverá recair sobre aquela que menos luta com as suas rivais, porque doutro modo, tendo ela um forte impulso à defesa, poderá tornar-se ciumenta e menos predisposta para aturar as brincadeiras do bebé. Contudo, se os pais da criança forem para a cadela uns verdadeiros líderes, a criança jamais ficará em melhores mãos. Assim como temos de adequar o animal à criança também temos que educar o bebé a respeitar o cão, para que não abuse dele, não o perturbe quando come e respeite o seu descanso.
Dos clássicos 6 grupos somáticos caninos (lupinos, molossos, vulpinos, bracóides, bassetóides e lebróides) os molossos são os que mais se prestam para companhia, porque são mais pachorrentos e pacientes, suportam melhor a dor, fingem-se de mortos, resistem às provocações e normalmente deslocam-se a baixa velocidade. Se a escolha recair sobre um molosso, convém que não seja gigante ou muito pesado, para que o bebé não venha ser pisado, entalado e constantemente empurrado. Os lupinos têm por norma inventar inimigos e reagem às provocações, os vulpinos não nasceram para estar parados, os bracóides têm um apetite insaciável, os bassetóides são pouco interactivos e os lebróides tendem ao isolamento, porque são taciturnos e mais instintivos. Os bracóides de selecção cinegética, desde que tenham a barriga cheia, têm-se revelado excelentes cães de companhia para as crianças de tenra idade. Os cães miniatura ou toys são tendencialmente mais sensíveis do que as crianças, choramingas e dados a amuos, escondendo-se quando a “coisa” não lhes agrada. Os caniches para esta tarefa, especialmente os bafejados pelo antropomorfismo, dão poucas garantias e precisam de ser amiúde fiscalizados, já que são dados a alterações de humor. É evidente que há excepções.
Todos sabemos que o Pastor Alemão pode ser o cão ideal para acompanhar um indivíduo da puberdade à idade adulta, o que geralmente acontece, tanto no País de origem como pelo Mundo fora, porque a raça ajuda à responsabilização e ao amadurecimento dos seus jovens líderes, tornando-os mais metódicos, amigos do pormenor e agarrados aos procedimentos, contribuindo assim para a sua entrada no mundo dos adultos, sem lhes tirar o arrojo e a aventura da sua faixa etária. Pensamos que este cão será subaproveitado quando entregue a um bebé até aos 3 anos de idade, devido ao seu andamento locomotor preferencial e versatilidade, o que não implica que muitos pastores alemães executem o papel de “baby sitter” cabalmente. Para os pais que são fanáticos pelo Pastor Alemão, adianta-se que as variedades cromáticas recomendadas são a negra e a lobeira, isto se a primeira viver dentro de casa e a segunda no quintal, porque a negra é precoce e é a que tem menos odor, e a lobeira sendo serôdia, crescerá a um ritmo menor graças a uma maior curva de crescimento, ainda que o seu odor seja substancialmente mais carregado. Também aqui a preferência deverá recair sobre uma fêmea.
Não queremos espantar ninguém com o que vamos dizer, mas é raro o cão rafeiro, independentemente do seu sexo, que não venha a ser o melhor amigo de uma criança de tenra idade, graças à humildade que lhe possibilita, quase imediatamente, a cumplicidade que tudo suporta e alcança. A gratidão do rafeiro é a maior das suas qualidades, o seu equilíbrio psicológico chega a espantar e ainda por cima exige menos. Sim, um rafeiro poderá ser o melhor dos companheiros para um bebé até aos 3 anos de idade, desde que obedeça aos predicados que anteriormente delineámos. Quantos de nós fomos criados com um rafeiro ao lado? Que imagem guardamos dele? Certamente a de um amigo como nenhum outro!
É de todo conveniente que o cão a usar tenha sido objecto de treino anterior e que permaneça o menos tempo possível com a criança sem a supervisão de um adulto. Relembramos que a companhia do cão exige regras extraordinárias de asseio e limpeza, tanto da casa como do próprio animal, que quando o cão for desparasitado, todos lá em casa o deverão ser (bebé inclusive). Não se esqueça de ensinar a criança a respeitar o cão e certifique-se que tem condições e disponibilidade para essa parceria. Resumindo e isto segundo a nossa opinião, o cão ideal para um bebé até 3 anos de idade deve ser do sexo feminino, ser avaliado como indivíduo, pertencer ao grupo dos submissos, ser curioso, não exceder os 30kg de peso, ser portador de uma pelagem clara, curta e macia, ser asseado, pertencer ao grupo dos molossos ou bracóides, independentemente ser “puro” ou não. Se a opção recair sobre um Pastor Alemão, convém que seja negro ou lobeiro, pelas razões que atrás apontámos e porque a variedade dominante é mais barulhenta e inquieta, muito embora os exemplares de pelo comprido sejam mais calmos e pacientes, apesar da menos valia do seu manto.

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