terça-feira, 4 de abril de 2023

O LEVANTE DAS MULHERES

 

Actualmente, o número das senhoras entre nós é bastante superior ao dos homens, ultrapassando também o desempenho comum, pelo que estamos a assistir a um “levante das mulheres”, que aparecem inesperadamente por todo lado, exercitando os seus cães nos lugares mais impensáveis, plenas de decisão, ânimo e energia. A aula de sexta-feira foi dedicada maioritariamente à obediência, muito embora, esporadicamente, se vencessem alguns exercícios de ginástica como o da foto acima, onde vemos a Catarina a conduzir a Titã sobre uma caixa eléctrica com sensivelmente 1 metro de altura. Na obediência efectuámos a evolução por esquadras nas suas diversas frentes. Na foto seguinte vemos a classe a evoluir “em frente por 1”.

A opção pela evolução de esquadras visou o melhor controlo dos cães pelos seus condutores mercê dos alinhamentos requeridos, tarefas possivelmente demasiado exigentes para alunos com tão pouco tempo de escola. Não obstante, tudo correu satisfatoriamente. Na foto abaixo é possível observar a classe a evoluir “em frente por 2”.

Num dos alinhamentos, o fotógrafo surpreendeu a Diana a pegar na trela de modo errado com a mão direita, o que é comum acontecer na primeira aula escolar (a menina tinha acabado de dar entrada na escola). Para primeira vez, até que que a coisa não correu mal de todo!

E como não há evolução de esquadras completa sem se operar “em uma fileira”, aqui fica para a história o alinhamento possível, com a SRD Lisboa a querer desertar e o CPA Bohr a querer compreendê-la.

Encerrámos os trabalhos da passada sexta-feira com uma foto de grupo num cenário quase tropical, onde é visível a boa disposição e a camaradagem do grupo, com a Ginga a fazer carinhas para o fotógrafo e o Paulo Jorge a ensinar semântica ao seu Pastor Alemão, quadrúpede de acentuadas idiossincrasias culturais.

No sábado iniciámos os nossos trabalhos com a evolução de esquadras, ainda que com um grupo ligeiramente alterado e profundamente heterogéneo, dele constando um menino em idade pré-escolar e uma cadela Dachshund Miniatura – a Blue. Nada do que fazemos pressupõe o egoísmo ou a competição, porque os cães fazem parte das nossas vidas e necessitam de sociabilizar-se para que coabitem harmoniosamente na sociedade, vindo a ser respeitados por isso mesmo. Aulas colectivas são projectos colectivos de ensino e todos os seus intervenientes (donos e cães) carecem de se sentir cómodos e importantes dentro do grupo escolar. Seria estúpido enveredarmos pela venda da competição, que fomenta exactamente o contrário, onde o que ganha fica momentaneamente satisfeito e o que perde com o coração desfeito, acabando os mais coléricos por descarregar nos cães. O nosso objectivo é claramente outro, queremos que os donos consigam levar os seus cães para todo o lado, cómoda e descontraidamente, acompanhar vizinhos e amigos com cães sem qualquer problema, usufruindo dos espaços verdes onde todos se deleitam sem atropelos. Na foto que se segue vemos o grupo escolar de sábado a efectuar a evolução “em uma fileira”.

Muitos pais veem e bem, os cães como verdadeiros subsídios para o equilíbrio emocional dos seus filhos, como companheiros susceptíveis de neles despertar naturalmente o senso de responsabilidade, numa trajectória que irá desembocar na compreensão dos direitos e deveres de cada um. Por causa disto e para sua própria segurança, as crianças são muito bem-vindas às escolas caninas, porque ocupam o âmago das famílias e deverão respeitar e fazer-se respeitar pelos cães, porque doutro modo poderão acabar vitimizadas. Na foto abaixo, com o grupo escolar em “frente por 3”, vemos o pequeno Simão, compenetradíssimo, a conduzir o vivaz Labrador Soneca.

Com o jardim ainda praticamente deserto e com os pássaros a chilrear sobre a sua cabeça, o grupo canino escolar compôs aquela paisagem de modo silencioso e quase imperceptível para quem dormia nos prédios ao lado e procurava mais uma ou duas horas de descanso. Apesar do seu pequeno tamanho, a Dachshund Miniatura não se atrasou quando foi ordenado ao grupo escolar “em frente por 2” (foto abaixo).

Ainda a propósito do pequeno Dachshund, que foi surpreendido pelo fotógrafo no momento do aquecimento, quando saltava para cima de um banco de pedra e surpreendia tudo e todos com uma excepcional e correctíssima curvatura de salto na abordagem àquele obstáculo artificial.

A foto abaixo lembra-me imediatamente a afirmação “tal pai, tal filho”, uma vez que pequeno Simão segue com atenção os passos do pai na execução de um Slalom urbano, demonstrando, estilo, galhardia e alegria – 10 cêntimos de gente transformado numa nota de 500 euros, quando as havia!

Como introdução à ginástica cinotécnica foi pedido ao grupo escolar que evoluísse sobre o corrimão plano, estreito e irregular de uma ponte, tarefa que alguns binómios não conseguiram vencer à primeira. Na foto que se segue é possível observar que tanto a Titã como a Lisboa circulam fora da área que lhes foi estipulada e pretendida pelas suas condutoras.

Lembrando Camões que dizia ser “a experiência a madre de todas as coisas, que nos desengana e nos tira de toda a dúvida”, após alegres passagens sobre aquela superfície estreita, todos os binómios do grupo escolar conseguiram ultrapassá-la conforme o esperado, apesar do ZIP se ter descuidado momentaneamente com a CPA Gaia.

O binómio Cataria/Titã, até à presente data e espera-se que assim continue, quando flagrado pelo fotógrafo, transpira decisão saúde e dinamismo, uma demonstração de força que vale a pena apreciar. Na foto que se segue vemo-lo a transpor um “arco de leitura”, onde o desempenho da Titã é simplesmente extraordinário.

Apanhada pela primeira vez nestes “assados”, também no mesmo obstáculo, vemos o binómio Diana/Lisboa a transpô-lo, onde é visível a resistência da cadela e o meritório esforço da sua dona, cuja resiliência serenou a Lisboa e levou-a ultrapassar as suas dificuldades iniciais.

Como a lição não era só para alguns, pedimos aos binómios mais adiantados (Jorge/Soneca e Paulo/Bohr) que cruzassem os seus cães dentro daquele “círculo de leitura”, o que veio a acontecer de modo irrepreensível e que está patente no GIF seguinte.

Depois de ter vencido com confiança o círculo, a SRD Lisboa foi convidada para saltar um janela com o mesmo propósito – a leitura – onde demonstrou as suas inegáveis capacidades atléticas através de saltos harmoniosos e alegres.

Ao salto da janela foi acrescentada a figura do pequeno Simão, o que obrigou os cães mais adiantados a uma transposição de precisão. Em momento algum o menino foi tombado ou foi obrigado a fazer a espragata, tanto frontal como lateral. Na foto abaixo vemos a execução do Labrador Soneca, um verdadeiro campeão nos exercícios mistos de obediência e ginástica. Há que felicitar a disponibilidade do Simão, também ele “pau para toda a obra”.

Entretanto, a Hrotkó mais nova desenvolvia com a Blue um percurso elevado em marcha. A Joana que me perdoe o comentário que vou fazer, é que mais alto do que a sua inegável beleza juvenil se levanta a graciosidade e a dinâmica da Dachshund, principalmente ao ter o mar infindo como fundo.

Noutro ponto da lição, profundamente empenhada no ensino da sua cadela, a Diana treinava o “quieto” mercê da junção das linguagens verbal e gestual, alcançando benefícios imediatos que carecem reavivamento constante em função dos diferentes desafios que irá enfrentar. Por tudo o que alcançou na aula, está de parabéns a simpática e genuína Diana.

Já com a “Família Charrôque” de regresso a casa, para assinalar o fim da lição, pedi ao grupo escolar presente que juntasse os seus cães sobre um banco de plástico multicolor, alcançando maior destaque naquele aglomerado de cães o apego demonstrado pela Titã à Catarina e o à vontade da minúscula cadela teutónica, literalmente à sombra do Pastor Alemão.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Carla/Ginga; Catarina/Titã; Diana/Lisboa; Joana Hrotkó/Blue; Jorge/Soneca; Paulo/Bohr e Simão/Gaia. Sobre este grupo escolar basta dizer que nenhuma das senhoras completou um mês de escola e que duas delas participaram com as suas cadelas pela primeira vez. Sentimos a falta da Carla e da Ginga na segunda aula, a primeira pela simpatia e a segunda pela sua inteligência e vivacidade. As fotos são da autoria do Adestrador e do Paulinho Jorge, sendo a sua edição da responsabilidade do primeiro. Diante dos resultados alcançados, esperam-se mais aulas assim.

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