segunda-feira, 24 de abril de 2023

IDA À GRAFITLÂNDIA

 

Curiosamente, aquilo que os condutores menos gostam de fazer com os seus cães é obediência, muito embora precisem dela como de pão para a boca e seja esse o principal motivo que os traz para as escolas caninas. Por outro lado, é a obediência que garante o bom desempenho e o melhor aproveitamento dos cães nas mais diversas disciplinas cinotécnicas. Porém, a obediência oferecida pelas aulas colectivas é menos enfadonha, mais dinâmica e alegre do que a resultante do acompanhamento individual de cada binómico, pela presença de mais cães que se prestam a ser agentes de ensino uns dos outros. Na foto acima vemos um exercício de controlo do “junto” sobre dois planos elevados de diferentes larguras, com a CPA Gaia a dar boleia à SRD Lisboa. Na foto que se segue, também no mesmo exercício, vemos o desempenho do CPA Bohr e da SRD Titã, com o Pastor Alemão desarvorado e o seu dono sem dar por isso, obrigando a Catarina a entrar inusitadamente em “passo de corrida” para alcançar o alinhamento procurado.

Catarina que foi também convidada pelo Adestrador a ir andar de skate com a sua cadela ao lado, numa pista própria para o efeito e na companhia de vários skaters. Um pouco destreinada e com medo de “dar um malho”, a jovem começou por evoluir sozinha e só depois com a Titã ao lado. Na foto abaixo, ainda com algumas cautelas, vemos a Catarina já com a sua cadela em plena evolução.

A Titã depressa se adaptou ao Skate e deu mostras de se ter agradado do exercício, deslocando-se ambas tal qual o comboio “Alfa Pendular” rumo à cidade do Porto. A Catarina ficou radiante com a experiência e eu fiquei com a certeza de que a Titã jamais estranhará os skates ou perseguirá os seus praticantes. Parabéns a ambas!

Apostados a recriar no sábado os “10 MINUTOS DE RELAX”, momento em que soltamos todos os cães para conviverem entre si debaixo de supervisão, rumámos a um pequeno parque cercado e relvado, com os seus muros ricamente grafitados com desenhos de vários motivos, ainda que aparentemente sujeitos à temática dos animais. Na foto seguinte e naquele mesmo local, vemos o exuberante CPA Dobby em pose majestática.

Valendo-nos de um aparelho público para exercícios humanos, que transformámos em obstáculo para os cães, pedimos aos binómios presentes que o ultrapassassem, atendendo ao seu grau de dificuldade, uma vez que era uma rampa extensa rematada por uma barra de ferro cromado, o que obrigava simultaneamente a um salto de elevação e extensão. E isto porquê? Para melhorar a capacidade de impulsão dos cães, a sua capacidade de resolução, o robustecimento do seu carácter e a prontidão do seu desempenho. O “obstáculo” foi primeiro vencido tal qual se apresentava e depois com uma pessoa nele deitada. Na foto abaixo, na primeira fase do exercício, vemos o desempenho do binómio Maria/Dobby, com a condutora a olhar para trás como se precisasse de dizer adeus à família (estamos perante uma senhora bastante saudosa!).

Quiçá porque somos todos diferentes, o relacionamento da Catarina com a Titã é por vezes extremado, transitando de “mãe-galinha” para “1º Sargento de Infantaria”, o que para uma cadela submissa, agora a aprender a ser manhosa, pode não ser o melhor dos subsídios de ensino. Exige-se assim, ao invés do dinamitar do relacionamento, constância nas acções e melhor desempenho físico da Catarina para poder valer à sua companheira. A provar o que acabo de dizer, na saída do salto abaixo, é possível ver o atraso da condutora em relação à Titã (há que melhorar a velocidade de arranque). Não obstante, no que à biomecânica diz respeito, estamos perante um salto canino de rara beleza.

Na foto que se segue, agora com o obstáculo encimado por uma pessoa, vemos o “afilhado do padrinho” a vencê-lo com a explosiva CPA Gaia, que acabou por executá-lo pelo alongamento da marcha ao invés de fazê-lo a galope. A imagem torna-se espectacular pelo desempenho físico do condutor, bem adiantado em relação à cadela conforme exige a técnica de salto.

Conhecedor do real potencial da CPA Gaia e usando-a como exemplificação para os demais, o Adestrador levou-a a executar a galope aquela transposição, o que resultou num desempenho belo e seguro.

Fazendo uso do tradicional procedimento “trabalho-pausa” colocámos quatro cães sobre o mesmo número de pequenos assentos circulares, não tanto pela obediência, mas para facilitar a constituição da matilha heterogénea escolar. Como prova a foto seguinte, a matilha funcionou!

Livre de qualquer encargo cinotécnico e dispensada de qualquer tipo de colaboração, a pequena Nicole assistiu num lugar alto ao decorrer dos trabalhos, vindo a pousar para a câmera do Paulo com a vaidade e graciosidade que lhe são reconhecidas.

Dando continuidade ao trabalho sobre superfícies estreitas, necessário às disciplinas de resgate e salvamento, também como subsídio de sobrevivência e próprio das manobras de evasão, convidei todos os binómios para a subida de uma rampa estreita com 45 graus de inclinação. Na foto abaixo vemos a execução do binómio Catarina/Titã.

Com o Dobby a fazer “à frente” e com a Maria já “sem pernas”, vemos o esforçado cão a valer à dona no mesmo exercício. O Dobby é daqueles generosos cães que não rejeita serviço, que não se encolhe diante dos problemas e que segue sempre avante, pelo que deverá ser protegido atendendo à sua sobrevivência. Apesar de ter nascido para herói, importa que passe o maior número de anos entre nós.

Na foto que se segue vemo-lo a saltar uma caixa de cimento com 100 cm de altura partindo da posição de “senta”. Desta vez a Maria estava no lugar certo e não atrapalhou o cão, que é brioso, competitivo e não deseja ser ultrapassado por ninguém, para além de levar o trabalho muito a sério (vale a pena reparar nas suas expressões mímicas, que não enganam).

A SRD Lisboa foi quem melhor venceu a rampa de 45 graus, porque é naturalmente resiliente e dotada de grande capacidade atlética. As dificuldades que esporadicamente apresenta no treino são mais da dona do que dela. Tem-se revelado uma excelente aluna, surpreendendo principalmente a sua condutora.

E como estávamos na “Grafitlândia”, nada melhor que tirar fotos nesse pano de fundo. Na foto abaixo, vemos a SRD Titã embutida num quadro de alienígenas maioritariamente verdes, possivelmente marcianos, criaturas que não conseguiram impedir a sua concentração e cumprimento das ordens.

Desconheço se a figura mural é uma personagem conhecida ou não da banda desenhada. A mim parece-me ser um urso panda, mas também sou pouco dotado de imaginação. Certo é que a seu lado mandei colocar as SRD’s Titã e Lisboa, que indiferentes à espécie do boneco, ficaram bem na fotografia.

Numa encenação resultante da boa disposição, perante a indiferença da Titã, a Catarina parece estar prestes a ser engolida por um furioso tubarão que avança para ela de boca aberta. Pela cara da menina é possível ver-se que não suspeitava de qualquer perigo.

Como boa ribatejana que se preza, a Maria acabou por tirar uma foto na companhia de um simpático touro “astifino” e “corniaberto”, com o à vontade próprio de quem nasceu a admirar e conviver com o gado bravo.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Catarina/Titã; Diana/Lisboa; Jorge/Gaia; Maria/Dobby e Paulo/Bohr. A reportagem fotográfica foi da autoria do Paulo Jorge e a sua edição coube ao Adestrador. A família Rodrigues não compareceu, o trabalho correu conforme o esperado e o tempo esteve de feição.

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