Poucos
conseguiram fazer com cães aquilo que alcancei: companheiros amigos e
fidelíssimos, animais extraordinariamente obedientes, atletas pouco vistos e
guardiões resilientes a toda a prova. Mas esta vã vaidade de que hoje pouco me
orgulho, não passa de palha ao vento quando comparada com o trabalho de outros
que têm como missão mudar o mundo para aqueles que entre nós têm dificuldades,
carecem de ser ajudados e precisam de cães para valer-lhes. Com esta introdução
quero prestar a minha mais sincera homenagem a todos aqueles que se dedicaram e
dedicam à formação dos mais variados cães de assistência.
A AUTISM ASSISTANCE DOGS IRELAND (AADI), instituição de caridade irlandesa que não recebe subsídios estatais e que procura valer às crianças autistas e às suas famílias através da prestação laboral dos seus cães, ao mesmo tempo que procura a consciencialização, a compreensão e a inclusão do autismo na comunidade, reabriu o seu processo de inscrição e incentiva agora as famílias a candidatar-se a um cão de assistência ao autismo (são esperadas 400 famílias para 35 cães). Os fundos para a formação destes cães vieram de doações de fundos e de recolha de outros donativos, terminando as inscrições no próximo dia 09 de maio. Os animais irão ser colocados em famílias seleccionadas ainda este ano e no próximo. Debbie Carr disse que a instalação de um cão AADI com o seu filho Aidan foi transformadora.
“Antes
de recebermos o Gandi, o Aidan tomava remédios há anos para ajudá-lo a lidar
com a angústia provocada pela sobrecarga sensorial. Um ano depois, o Aidan tem
uma nova vida. É como um milagre”, disse ela. A gerente de administração de
clientes da AADI, Fiona Murphy, disse que aqueles que consideram candidatar-se
devem preencher certos critérios e compreender o compromisso envolvido. “Eles
não são cães de apoio emocional. A sua principal função é a segurança e agem
como uma âncora para as crianças”, disse a mesma senhora. Embora a AADI desejasse
instalar cães em qualquer família que precisasse deles, os seus recursos são
limitados e só pode instalá-los com crianças que tenham um diagnóstico formal
de autismo no momento da inscrição, com idades entre 5 e 12 anos no momento da
inscrição e que representem um risco significativo de fuga.
A AADI planeia realizar três sessões
informativas para as famílias que registarem seu interesse até ao dia 09 de
maio. Duas sessões serão realizadas virtualmente e uma sessão presencial acontecerá
no Rochestown Park Hotel em Cork. É provável que os cães sejam entregues por
sorteio. A AADI, que administra o seu próprio programa de criação, diz que este
demora dois anos e cada cão de assistência ao autismo custa em média 25.000. Os
custos cobrem o programa de criação, o crescimento dos cachorros, a sua
alimentação, treino, equipamentos e requisitos veterinários dos animais, mesmo
quando já se encontram com as suas famílias adoptivas e antes de rumarem ao seu
treinamento intensivo. A instituição de caridade tem cerca de 60 cães de
assistência colocados em várias famílias, colocando também 'cães amigos' em
clientes necessitados de apoio emocional. Em paralelo e através de um programa
piloto bem-sucedido, designado por 'cães de apoio escolar', tem actuado este
ano em duas escolas secundárias, experiência já com planos de expansão. Detalhes
mais completos sobre o registo para a aquisição de cães de assistência ao
autismo estão já disponíveis no site da AADI. Pela missão que a si mesma
atribuiu, está a AADI de parabéns.
PS: De acordo com dados disponibilizados pela AIA - Associação de Apoio e Inclusão ao Autista, existem cerca de 63300 pessoas com Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) em Portugal.
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