A
FOOD
and DRUG ADMINISTRATION (FDA), agência
federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos,
identificou pela primeira vez publicamente as marcas de ração para animais de
estimação mais frequentemente associadas a casos de cardiomiopatia dilatada (CMD),
uma doença cardíaca grave e potencialmente fatal. A grande maioria dos casos
envolve cães, mas alguns casos envolvendo gatos também foram relatados. Actualizando
a sua investigação sobre o potencial elo de ligação entre certas dietas e a CMD
canina, a FDA enumerou 16 marcas de alimentos para animais de estimação que
foram nomeadas em 10 ou mais relatórios da doença.
As três principais marcas
são a ACANA,
nomeada em 67 relatórios; ZIGNATURE,
nomeada em 64 relatórios e a TASTE
OF THE WILD, nomeada em 53 relatórios. De 2014 até 30
de Abril de 2019, a FDA recebeu relatos de 560 cães e 14 gatos diagnosticados
por veterinários como tendo CMD (119 cães e 5 gatos acabaram por morrer). Não
estão incluídos nestes números as contagens dos "muitos relatórios
cardíacos gerais" recebidos pela agência que não envolveram um diagnóstico
de CMD. "No entanto esta informação para o caso é também valiosa, porque
poderá mostrar mudanças no coração que ocorrem antes de um cão desenvolver CMD
sintomática" – adiantou a FDA.
A CMD é uma doença que
resulta num coração dilatado e fraco, incapaz de bombear sangue com eficiência.
Os cães com CMD tanto podem cansar-se facilmente, tossir e apresentar
dificuldades em respirar como exibir fraqueza súbita, colapsar, desmaiar ou
morrer sem pré-aviso.
A grande maioria dos
relatórios recebidos pelo FDA reporta-se a 2018 e 2019 e a agência tem vindo a
investigar o problema desde o ano passado. Em Julho do ano transacto anunciou
ter tomado conhecimento de casos de CMD em cães que comiam certos alimentos,
muitos deles rotulados como "sem grãos", que continham como
ingredientes principais ervilhas, lentilhas, outras sementes de leguminosas e/ou
batatas. Apesar de certas raças caninas serem geneticamente mais predispostas para
a CMD, como é o caso do Doberman, do Dogue Alemão, do Terra Nova, do Boxer, do
Wolfhound Irlandês e do Cocker Spaniel, muitos dos cães afectados não pertenciam
a essas raças, o que desde logo chamou à atenção dos cardiologistas
veterinários.
A causa do problema é
desconhecida e a maioria dos pesquisadores suspeita que a resposta não será
fácil de identificar. A FDA não pode dizer com toda a certeza que a dieta é a
culpada, muito embora, numa actualização
da investigação publicada em Fevereiro último, tenha informado que alguns cães
diagnosticados com CMD melhoraram simplesmente quando mudaram a sua dieta,
constatação também observada por outros pesquisadores. Por causa disto a FDA
disse: "Com base nos dados colectados e analisados até agora, esta agência acredita que a associação potencial entre a dieta
e CMD em cães
é uma questão científica complexa que poderá envolver múltiplos factores".
Por causa da incerteza, a FDA
não pediu às empresas implicadas a reformulação dos seus produtos, apenas
dividiu com elas informações de relatos de casos de CMD que envolviam as suas
marcas, para que possam tomar decisões informadas sobre o marketing e a formulação
de seus produtos. A divulgação pública destes relatórios segundo esta mesma
agência, teve como objectivo incentivar os donos a aconselhar-se com os
veterinários dos seus animais, que deverão consultar um nutricionista
veterinário certificado antes de proceder às alterações da dieta.
Ao analisar os ingredientes
e a sua proporção nas dietas identificadas com os animais afectados, os
pesquisadores da FDA descobriram que mais de 90% dos produtos implicados eram
"livres de grãos", que não continham milho, soja, trigo, arroz,
cevada ou outros grãos. Noventa e três por cento continham ervilhas e/ou
lentilhas. Logo no início, alguns veterinários que investigaram o problema, adiantaram
que novas fontes de proteína animal nas dietas, como canguru, bisonte ou pato,
poderiam ser um factor a considerar. Contudo, na sua última actualização sobre o
problema, a FDA foi peremptória: "As proteínas mais comuns nas dietas
relatadas foram frango, cordeiro e peixe; entretanto, algumas dietas contêm
fontes proteicas atípicas como canguru, pato e bisonte. Nenhuma fonte de
proteína animal foi predominante (na CMD)”.
A FDA disse que a maioria
dos alimentos identificados nos casos caninos são rações secas, mas não todas.
Há também alimentos crus, alimentos semi-húmidos e alimentos húmidos relatados.
Um representante de uma empresa proprietária de uma marca frequentemente
implicada expressou preocupação com o problema, ao pôr em causa a premissa de
que suas fórmulas poderiam ser culpadas. A Dra. Alexia Heldman, Diretora de
assuntos veterinários da Diamond Pet Foods, dona do Taste of the Wild, disse numa
entrevista telefónica: "No último ano, tem havido muitas teorias ... Onde
estamos agora, lá há mais perguntas sem resposta do que há um ano". Heldman
disse também que o Taste of the Wild é a maior marca de alimentos sem grãos, salientando
que 29 milhões de sacos foram vendidos nos Estados Unidos desde Setembro de
2017 e que os 53 relatos de casos da doença deverão ser considerados no
contexto das vendas: "Se os números adiantados fossem apresentados
percentualmente em relação aos sacos vendidos, estaríamos do outro lado da
lista".
Cada
fabricante das rações associadas à ocorrência de CMD defende-se como pode, mas
não consegue esconder a sua contribuição para o problema, o que acaba por dar
razão a quem abomina as rações no geral, em muitos casos mixórdia vendida a
alto preço. Algumas das rações identificadas com a CMD têm um peso económico
muito grande e são exportadas para toda a parte, o que de certa forma
condiciona o parecer da FDA.
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