quarta-feira, 19 de junho de 2019

OS NEOZELANDESES NÃO ESQUECERAM O CEASER

No passado dia 26 de Maio, numa cerimónia realizada no Museu Nacional do Exército em Waiouru, Nova Zelândia, foi homenageado a título póstumo com a MEDALHA DA CRUZ AZUL, o primeiro CÃO DE GUERRA conhecido daquele país – o CEASER, um Bulldog que junto com o seu tratador, o fuzileiro THOMAS TOOMAN, partiu para a I Guerra Mundial em 1916, onde viria a ser também a mascote da COMPANHIA A, pertencente ao 4º BATALHÃO da BRIGADA DE RIFLES DA NOVA ZELÂNDIA. Esta distinção póstuma foi-lhe atribuída pelos serviços prestados e pela bravura demonstrada durante a I Guerra Mundial. O Ceaser foi o primeiro cão a receber esta medalha, que doravante será atribuída anualmente.
Tooman e Ceaser foram primeiro parar ao Egipto, onde o primeiro recebeu treino para conduzir ambulâncias e o segundo viria a ser um cão da Cruz Vermelha. Após treino intensivo chegaram à Frente Ocidental, no Somme, em França. Conforme fez saber o Curador Sénior do Museu do Exército, WINDSOR JONES (na foto seguinte), o Ceaser foi treinado como cão-socorrista e para ir ao campo de batalha identificar e socorrer militares aliados feridos, uma vez que carregava uma mochila que continha alguns papéis e ligaduras. Caso o soldado não se encontrasse gravemente ferido, poderia tratar das suas feridas e escrever uma nota indicando a sua posição e se havia algum atirador inimigo na área, nota que o cão levaria para trás das linhas. Segundo o mesmo Director Jones, há registo do Ceaser ter salvado um soldado enterrado após uma explosão, ao cavar uma abertura para que o militar pudesse respirar, acto que lhe salvou a vida.
Cães como o Ceaser foram treinados para diferenciar os soldados aliados dos soldados inimigos, o que de certa forma é um mistério. Jones adianta a hipótese dessa identificação se ter ficado a dever à diferente côr dos uniformes ou à diferenciação dos seus tecidos. Seja lá pelo que for, certo é que os cães sabiam diferenciá-los. Infelizmente o Ceaser teve um fim trágico, porque foi baleado mortalmente por um franco-atirador duas ou três semanas depois de ter chegado à Frente Ocidental. Só viria a ser encontrado no dia seguinte à sua morte, quando o seu tratador foi procurá-lo por não ter voltado. Viria a ser encontrado junto de um soldado que pretendia socorrer, soldado cuja mão descansava sobre a sua cabeça. Jones fez ainda saber que cerca de 10.000 cães serviram na Cruz Vermelha durante a I Guerra Mundial.
PATRICIA STROUD, 2ª sobrinha de Thomas Tooman, que escreveu um livro infantil sobre Ceaser e Tom, disse na ocasião que o tratador ficou destroçado com a morte do cão, que “eles teriam cuidado um do outro nas trincheiras e no campo de batalha”, que Ceaser era um animal muito corajoso e que a ideia de conceder-lhe uma medalha foi maravilhosa. “Eu sei que ele foi apenas um cão, mas um cão muito amado que ajudou os homens a passar por um momento terrível" – completou.
A ortografia do nome do cão, Ceaser, em vez de Caesar, tem intrigado muitos. Windsor Jones disse que era possível que Tooman não soubesse soletrar Caesar ou que este nome possa ter sido deliberadamente atribuído. "Mantemos o erro ortográfico na medalha da Cruz Azul e na exibição no Museu. Recentemente, os CANIS DE TRABALHO NO CAMPO MILITAR DE LINTON receberam o nome de CEASER – afirmou Jones. Patricia Stroud disse que o nome era muito popular na época porque o Rei, EDUARDO VII (1), tinha um pequeno terrier chamado César. NIGEL ALLSOPP (na foto seguinte), representante da Austrália e da Nova Zelândia para a organização BLUE CROSS, sediada no Reino Unido, chamado a pronunciar-se, disse que cerca de 18 mil cães foram usados oficialmente pelas forças aliadas durante a 1ª Guerra Mundial e que "quando a Cruz Vermelha começou a ajudar os humanos, a Cruz Azul começou a ajudar os animais… A medalha é uma forma de reconhecer formalmente o seu serviço ao homem e a esta nação".
Agradou-nos saber desta homenagem e mais felizes ficaríamos se houvesse por cá uma distinção canina idêntica, porque também fomos para a Guerra do Ultramar com cães e as polícias e os bombeiros continuam a usá-los diariamente no socorro e resgate da população - há que mostrar a nossa gratidão a quem vive para nos socorrer!
(1)Monarca britânico, o primeiro da Casa Saxe-Coburgo, que reinou entre 22/01/1901 e 06/05/1910 e que em 1902 visitou Lisboa para reafirmar a aliança entre Inglaterra e Portugal, instituída pelo Tratado Anglo-Português de 1373. Em 1903, o então PARQUE DA LIBERDADE, veio a ser rebaptizado em sua honra por PARQUE EDUARDO VII DE INGLATERRA, vulgo PARQUE EDUARDO VII, nome que este parque da Capital ainda conserva.

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