No passado dia 26 de Maio,
numa cerimónia realizada no Museu Nacional do Exército em Waiouru, Nova
Zelândia, foi homenageado a título póstumo com a MEDALHA
DA CRUZ AZUL, o primeiro CÃO
DE GUERRA conhecido daquele país – o CEASER, um
Bulldog que junto com o seu tratador, o fuzileiro THOMAS
TOOMAN, partiu para a I Guerra Mundial em 1916, onde viria a
ser também a mascote da COMPANHIA
A,
pertencente ao 4º
BATALHÃO da BRIGADA
DE RIFLES DA NOVA ZELÂNDIA. Esta distinção póstuma foi-lhe
atribuída pelos serviços prestados e pela bravura demonstrada durante a I
Guerra Mundial. O Ceaser foi o primeiro cão a receber esta medalha, que doravante
será atribuída anualmente.
Tooman e Ceaser foram
primeiro parar ao Egipto, onde o primeiro recebeu treino para conduzir ambulâncias
e o segundo viria a ser um cão da Cruz Vermelha. Após treino intensivo chegaram
à Frente Ocidental, no Somme, em França. Conforme fez saber o Curador Sénior do
Museu do Exército, WINDSOR
JONES (na foto seguinte), o Ceaser foi treinado como
cão-socorrista e para ir ao campo de batalha identificar e socorrer militares
aliados feridos, uma vez que carregava uma mochila que continha alguns papéis e
ligaduras. Caso o soldado não se encontrasse gravemente ferido, poderia tratar
das suas feridas e escrever uma nota indicando a sua posição e se havia algum
atirador inimigo na área, nota que o cão levaria para trás das linhas. Segundo
o mesmo Director Jones, há registo do Ceaser ter salvado um soldado enterrado
após uma explosão, ao cavar uma abertura para que o militar pudesse respirar,
acto que lhe salvou a vida.
Cães como o Ceaser foram
treinados para diferenciar os soldados aliados dos soldados inimigos, o que de
certa forma é um mistério. Jones adianta a hipótese dessa identificação se ter
ficado a dever à diferente côr dos uniformes ou à diferenciação dos seus tecidos.
Seja lá pelo que for, certo é que os cães sabiam diferenciá-los. Infelizmente o
Ceaser teve um fim trágico, porque foi baleado mortalmente por um franco-atirador
duas ou três semanas depois de ter chegado à Frente Ocidental. Só viria a ser
encontrado no dia seguinte à sua morte, quando o seu tratador foi procurá-lo por
não ter voltado. Viria a ser encontrado junto de um soldado que pretendia
socorrer, soldado cuja mão descansava sobre a sua cabeça. Jones fez ainda saber
que cerca de 10.000 cães serviram na Cruz Vermelha durante a I Guerra Mundial.
PATRICIA
STROUD, 2ª sobrinha de Thomas Tooman, que escreveu um livro
infantil sobre Ceaser e Tom, disse na ocasião que o tratador ficou destroçado
com a morte do cão, que “eles teriam cuidado um do outro nas trincheiras e no
campo de batalha”, que Ceaser era um animal muito corajoso e que a ideia de
conceder-lhe uma medalha foi maravilhosa. “Eu sei que ele foi apenas um cão,
mas um cão muito amado que ajudou os homens a passar por um momento
terrível" – completou.
A ortografia do nome do
cão, Ceaser, em vez de Caesar, tem intrigado muitos. Windsor Jones disse que
era possível que Tooman não soubesse soletrar Caesar ou que este nome possa ter
sido deliberadamente atribuído. "Mantemos o erro ortográfico na medalha da
Cruz Azul e na exibição no Museu. Recentemente, os CANIS
DE TRABALHO NO CAMPO MILITAR DE LINTON receberam o nome de CEASER –
afirmou Jones. Patricia Stroud disse que o nome era muito popular na época
porque o Rei, EDUARDO
VII (1), tinha um pequeno terrier
chamado César. NIGEL
ALLSOPP (na foto seguinte), representante da Austrália e da
Nova Zelândia para a organização BLUE
CROSS, sediada no Reino Unido, chamado a pronunciar-se, disse
que cerca de 18 mil cães foram usados oficialmente pelas forças aliadas durante
a 1ª Guerra Mundial e que "quando a Cruz Vermelha começou a ajudar os
humanos, a Cruz Azul começou a ajudar os animais… A medalha é uma forma de
reconhecer formalmente o seu serviço ao homem e a esta nação".
Agradou-nos
saber desta homenagem e mais felizes ficaríamos se houvesse por cá uma
distinção canina idêntica, porque também fomos para a Guerra do Ultramar com
cães e as polícias e os bombeiros continuam a usá-los diariamente no socorro e
resgate da população - há que mostrar a nossa gratidão a quem vive para nos
socorrer!
(1)Monarca britânico, o primeiro da Casa
Saxe-Coburgo, que reinou entre 22/01/1901 e 06/05/1910 e que em 1902 visitou
Lisboa para reafirmar a aliança entre Inglaterra e Portugal, instituída pelo
Tratado Anglo-Português de 1373. Em 1903, o então PARQUE DA LIBERDADE, veio a
ser rebaptizado em sua honra por PARQUE EDUARDO VII DE INGLATERRA, vulgo PARQUE
EDUARDO VII, nome que este parque da Capital ainda conserva.
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