Por razões de índole
cultural e outras que nos são gratas, há precisamente 15 dias atrás, quando o
calor fustigava de sobremaneira as serrarias da Beira Baixa e o fogo ainda não
as havia tomado, decidimos viajar cá dentro e rumar a Belmonte, Vila serrana do
Distrito de Castelo Branco, situada no interior, na Região Centro do País e na
Sub-região da Cova da Beira, para lá da Serra da Gardunha, com um encanto muito
especial, plena de boa gente, com muito que contar e mistérios por desvendar, enquanto
berço de cristãos e judeus, para além de ter dado ao mundo o descobridor do
Brasil: Pedro Alvares Cabral.
Belmonte tem para oferecer
aos turistas, que ali são mais estrangeiros que nacionais, a hospitalidade das
suas gentes e os seguintes pontos de interesse: o Castelo dos Cabrais, a Igreja
de Santiago, a Sinagoga Bet Eliahu, o Museu Judaico, o Ecomuseu, o Museu das Descobertas
(interactivo) e o Museu do Azeite.
Mas o que torna Belmonte
única é a presença dos judeus, que outrora conversos à força, nunca abandonaram
em definitivo os seus hábitos, preceitos e tradições, muito embora abastardados
pelo sincretismo católico (como não podia deixar de ser), porque a tanto a
sobrevivência os obrigou.
Hoje a comunidade judaica
daquele lugar já não necessita de se confundir com os demais, porque goza de
uma liberdade que raramente teve, levantou a sua sinagoga e tem um rabino ao
seu dispor, ensina hebraico a novos e velhos e recebe a visita de judeus e
não-judeus dos quatro cantos do mundo.
E como nem só de cães vive
o homem, quando tal se proporcionar, havemos de voltar ali e inquirir junto daquelas
gentes relatos de tempos idos que a história comum nem sempre registou.
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